Promover uma Igreja mais sinodal foi uma prioridade para o Papa Francisco. Leão XIV tem referido por diversas vezes a sinodalidade, tão querida ao seu antecessor: na homilia da Vigília do Pentecostes, no sábado, contou que foi essa palavra que lhe veio à mente quando assomou, pela primeira vez, à varanda da Basílica de S. Pedro. E aproveitou para aprofundar o tema, dando-lhe o seu cunho pessoal.
Nesta homilia, se dúvidas havia, ficou claro que Leão XIV procurará dar continuidade ao dinamismo sinodal, o qual não é uma invenção do Papa Francisco, nem de Paulo VI, que criou o Sínodo dos Bispos, mas uma característica essencial da Igreja desde os seus inícios. Sem ela “tudo murcha”, disse o Papa. Ou seja, para Leão XIV é decisiva para a vitalidade e rejuvenescimento das comunidades cristãs.
O problema da sinodalidade é semelhante ao da democracia – não se impõe por decreto, antes conquista-se e cultiva-se. Para a implementar e promover no seio da Igreja, não basta o empenho do Papa: é necessária a corresponsabilidade de todos os fiéis, sejam eles leigos, religiosos ou ordenados.
Aos leigos e religiosos é pedido que se comprometam nas decisões a tomar nas suas comunidades e que não estejam à espera que os seus superiores ou pastores decidam por eles. Aos pastores e superiores exige-se que não imponham as suas decisões, mas que, em conjunto com aqueles que lhe estão confiados, procurem discernir o que o Espírito Santo lhes pede que implementem nas suas comunidades.
A todos exige-se uma docilidade ao Espírito e uma cultura sinodal que só poderão adquirir com treino. Entende-se assim o desejo do Papa de que todas as comunidades “sejam ginásios de fraternidade e participação, não apenas locais de encontro, mas lugares de espiritualidade”. Os espíritos da Igreja têm de treinar muito. Bem precisam...