domingo, 31 de dezembro de 2017

Os políticos podem ser bem pagos

Ninguém poria em causa os benefícios concedidos aos partidos e aos políticos se estes, em vez de subsidiarem a mediocridade, promovessem a excelência dos governantes e dos responsáveis pelos destinos das instituições do país e pela produção de leis que garantissem uma sociedade mais justa e harmoniosa.

O país e os portugueses merecem ser governados pelos melhores. E que, para isso, estes sejam bem pagos, porventura em menor número.

Um Bom Ano!

(Excerto do artigo publicado no JN de 30/12/2017 que pode ler na íntegra aqui)

sábado, 23 de dezembro de 2017

Os colaboradores e os ″traidores″ do Papa

O Papa Francisco costuma ser contundente nos discursos que dirige habitualmente aos membros da Cúria Romana antes do Natal. Não se limita a apresentar os cumprimentos natalícios aos seus mais diretos colaboradores - vai muito além do que as regras protocolares, nestas circunstâncias, determinam. Aproveita para criticar alguns procedimentos da Cúria e chama a atenção para comportamentos desajustados.

Excerto do artigo publicado hoje, dia 23/12/2017, no JN. Pode ler o texto completo  aqui.

sábado, 16 de dezembro de 2017

IPSS, flores e espinhos

IPSS, flores e espinhos: Há alguns anos ouvi a uma mesa do café um destacado dirigente de uma instituição particular de solidariedade social (IPSS) dizer que 'anda muita gente a governar-se à custa dos pobres'. Será, porventura, exagerado dizer que é 'muita gente', referindo-se aos dirigentes, mas é um facto que essas instituições, para além de garantirem o apoio social a muitas pessoas, garantem o salário e regalias a muitas outras.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Para que servem os diáconos?

Todos os membros da Igreja, mesmo os que não receberam qualquer grau do sacramento da ordem, deverão desenvolver essa capacidade de continuamente se colocarem ao serviço do outro. Os diáconos devem ser o sinal mais eloquente dessa opção preferencial da Igreja pelos mais pobres e pelos mais pequenos. Como nos recordava o Evangelho do domingo passado, são estes o rosto de Cristo: “Em verdade vos digo: sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt. 25, 40).
Que os diáconos que agora foram ordenados saibam ser fiéis a essa missão e nunca se deixem reduzir a uma função meramente decorativa, ao lado dos outros ministros ordenados. E que não se conformem a ser supletivos destes a calcorrear montes e vales para desfiar celebrações da Palavra. A sua verdadeira missão é muito mais importante que isso.

Excerto do texto publicado no Mensageiro de Bragança de 30/11/2017. Pode ler o texto completo aqui

sábado, 25 de novembro de 2017

O Papa não gosta de ″graxa″

O Papa não gosta de ″graxa″: Um jornalista, por princípio, não deve ser 'pró' ou 'contra' ninguém. Deve, isso sim, desenvolver assuntos e colocar-se numa atitude crítica em relação às pessoas e aos acontecimentos, para melhor desempenhar a sua missão de informar.

É importante que os jornalistas não assumam uma atitude de acolhimento acrítico de qualquer personalidade, mesmo que seja Papa.
É de louvar que, apesar do título do encontro [I Encontro Internacional de Jornalistas Pro Papa Francisco], os participantes se tenham disposto a colocar o seu trabalho ao serviço dos mais pobres e a juntar esforços para divulgar valores como a busca da igualdade, a justiça, a solidariedade, a liberdade, a paz e o cuidado da nossa casa comum. Aos fazê-lo, estarão em linha com o Papa e com a
missão do jornalismo: dar voz a quem não a tem. Como Bergoglio se tem esforçado por fazer.

A declaração final do I Encontro Internacional de Jornalistas Pro Papa Francisco pode ser lida aqui

sábado, 18 de novembro de 2017

Sacerdotes casados em breve

Sacerdotes casados em breve: O Papa já está a ponderar a possibilidade de ordenar padres escolhidos de entre homens casados e há quem acredite que tal acontecerá em breve.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Os filhos dos padres

Os filhos dos padres: Os casos de padres com filhos, como o que foi revelado há dias no Funchal, são sempre pretexto para pôr em causa o celibato e pedir à Igreja que 'deixe casar os padres'. Esta é uma má forma de pôr a questão. O que a Igreja deve refletir é se deve ou não voltar a ordenar homens casados, uma práxis comum em quase toda a Igreja durante o primeiro milénio do Cristianismo e que se manteve até hoje na Igreja Católica Oriental.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

“Onomatopeias do Teu Nome”

O nome de Deus já fez correr muita tinta ao longo dos séculos. Refiro-me ao tetragrama sagrado que aparece na Bíblia como o nome de Deus.

É constituído pelas quatro consoantes hebraicas יהוה (Yode, Hê, Vau e Hê), que em caracteres latinos costuma ser escrito com YHWH. No hebraico primitivo só se escreviam as consoantes, as vogais subentendiam-se. Com o passar dos tempos, começaram a surgir dúvidas em relação à leitura do nome de Deus. Por isso discutiu-se se a pronúncia correta seria, entre outras, Javé ou Jeová. Entre judeus e cristãos foram sendo usadas ambas, com argumentos válidos usados por uns e outros para justificar a sua opção.

No “Dicionário dos termos da fé” podemos ler na entrada dedicada à palavra “nome”:
“Vocábulo que serve para designar as pessoas ou coisas. Na Bíblia pensa-se que o nome exprime o ser profundo das pessoas e das coisas: A tudo o que existe já há muito foi dado um nome (Ecl. 6, 10). Deus conhece cada criatura pelo seu nome (Sl. 146, 4) e o facto de o homem poder nomear os animais significa que é o seu dono (Gn. 2, 20). De maneira geral o facto de dar um nome a alguém ou de lhe mudar o nome atesta o poder que se tem sobre ele (Gn. 17, 5; 35, 10; 2 Rs. 23, 34)”[1].

Para os judeus causava algum desconforto pronunciar o nome de Deus, já que, na sua mentalidade, dizer o nome de Deus era ter poder sobre ele, pelo que assumiram o tetragrama sagrado como impronunciável. Quando ele aparecia diziam “Adonay”.
Na tradução para grego da Bíblia hebraica, conhecida como a Versão dos LXX, essa palavra é substituída por “Kyrios”. Quando houve necessidade de traduzir as Escrituras para latim, então utilizou-se a expressão “Dominus”, a que corresponde o vocábulo em língua portuguesa: “Senhor”.

Respeitando esta tradição, a Igreja católica, sobretudo na Liturgia, também não pronuncia o nome de Deus do tetragrama sagrado mas prefere a palavra Senhor. Perante algumas dúvidas nesta matéria, a Congregação do Culto divino enviou uma carta, a 29 de Junho de 2008, às Conferências Episcopais de todo o mundo a estabelecer essa práxis na invocação litúrgica do nome de Deus.

Ir. Maria José, sfrjs
A Irmã Maria José, confrontada com estas questões em torno da correta forma de pronunciar o nome de Deus, entregou-se com dedicação a essa problemática. Estudou-a, meditou-a, rezou-a... Fruto de todo esse labor, começou a desenhar-se no seu espírito um poema ao nome de Deus. E este foi-se desenvolvendo até se formar, no seu íntimo, o livro que hoje temos diante de nós com o sugestivo título: “Onomatopeias do Teu Nome”.

É um livro que pode ser lido apressadamente, em apenas uma semana, como tive de fazer. O que será apenas, e só, um primeiro contacto. O facto é que este despertou o desejo de uma leitura mais pausada, mais meditada e muitas vezes repetida, desde logo pelo puro prazer poético, o prazer formal, o prazer de ler boa poesia.

Para abrir o apetite, apresento algumas notas que fui recolhendo nesta primeira aproximação a esta obra.
Pela pena da Irmã Maria José vamos sendo introduzidos no mistério do nome impronunciável de Deus, o qual se traduz e plasma na criação como Onomatopeias do Seu amor. O nome de Deus está impresso em cada criatura – e toda a criação faz ressoar o amor de Deus.

Antes de mergulhar no nome de Deus, a autora deambula pelo “mundo dos nomes” e dá-nos conta da fragilidade das palavras. Contudo, os nomes dizem muito das pessoas que os usam, que os constroem, que os conquistam. Que tantas vezes “vendem o corpo e a alma ao esquecimento do presente para comprar a memória do amanhã” (pág. 34). Os nomes expressam e escondem a condição humana. A reflexão sobre os diferentes tipos de nomes é o caminho percorrido pela autora para aceder à “essência da humanidade” (pág. 42). Pelos nomes acedemos às grandezas e às misérias da condição humana.

Estamos, então, preparados para nos lançarmos no mundo bíblico. Acompanhamos os que fizeram da sua vida peregrinação traduzida num nome. Adão, Abel e Caim, Jacob, Ana e o filho Samuel, Moisés e o povo que caminha do Egipto à Terra Prometida, José e Maria são todos nossos companheiros na viagem pelo mundo bíblico dos nomes.

Deste percurso bíblico tocou-me particularmente a luta interior de Caim e a serenidade de Abel, traduzidas em linguagem poética. Um poema que traduz bem a tranquilidade de quem encontrou Deus e experimenta a harmonia no seu ser. Isso mesmo contrasta com o drama de quem deambula no contrassenso de uma existência em que nada faz sentido, porque não encontra o sentido último de todas as coisas.

Só então estamos preparados para mergulharmos, com a autora, na “perseguição do inominável”. Ela nos confidencia, preparando para a tarefa árdua que nos espera:

Quanto mar tenho de silenciar!
Quanto silêncio tenho de marear!” (pág. 81)

Tal como os judeus piedosos e a liturgia católica, concluímos que o nome de Deus é: Indescritível! Inenarrável! Indefinível! Indizível! Imperceptível! Invisível! Impronunciável! Não é possível nomeá-lo, é o Inominável! (págs. 88-89). Ou seja, é mais fácil dizer o que não é do que aquilo que ele verdadeiramente é. Não é acessível aos sentidos do corpo humano, mas inunda todos os sentidos do espírito humano, a quem se revela como belo, perfumado, melodioso, suave e saboroso (págs. 90-94).

De Deus com S. João, só podemos dizer: “Deus é amor!” (1 Jo. 4, 8) Parafraseando o evangelista, a Ir. Maria José dirá: “Ah! O teu Nome é Amor!” (pág. 96)

Finalmente, podemos reconhecer a assinatura do Verbo, em que o nome de Deus se faz carne. A Paixão segundo são Marcos dá-nos as pistas para encontrarmos a resposta para a questão que atravessa todo esse Evangelho: “Quem é este homem?” A autora conduz-nos pelos caminhos para o Calvário e oferece-nos oito pistas para, tal como o centurião do Evangelho de S. Marcos, descobrirmos a resposta: “Este era na verdade o Filho de Deus!” (pág. 106).

O nome de Deus, para os cristãos, é, também, Espírito Santo, que, com o Pai e o Filho, é Trindade. “Não na unidade de uma só pessoa, mas na trindade de uma só natureza”, como rezamos no prefácio da missa da Santíssima Trindade.

Aqui chegados, o nome de Deus faz-se Eucaristia, Ação de Graças, que conduz ao louvor perene e despido de sons que poluam a Palavra:

“A Vós, Nome que os espaços siderais não retêm,
na Atmosfera onde toda a revelação se evidencia,
submetemos o nosso silêncio deslumbrado,
ao aval de um louvor perene.
Amén.” (pág. 123)
  
A abordagem poética da Irmã Maria José não responde à questão estéril de como se pronuncia o nome de Deus, mas ajuda-nos – e muito! – a aprender a dizer o nome das coisas e dos outros, para podermos balbuciar o nome de Deus. No final desta primeira leitura do livro “Onomatopeias do Teu Nome”, habita-me o desejo de a ele regressar, por diversas vezes, para recolher as riquezas que ele contém, que não são acessíveis a uma primeira e rápida abordagem.

A primeira jóia que colhi da leitura desta obra é que, com quatro letras apenas, se escreve, em português, o nome de Deus: “Amor”.

Agradeço à Irmã Maria José por ter partilhado connosco a sua reflexão traduzida numa linguagem poética, que não me sinto habilitado a avaliar, mas que, como simples leitor, despertou sensações e vivências muito gratificantes.

Recomendo por isso a todos que façam uma leitura pausada, e repetida, que deixe ressoar no vosso íntimo as “Onomatopeias” do nome de Deus.



[1] VA, Dicionário dos termos da fé, Editorial Perpétuo Socorro, Porto 1995.

Fotos: Fernando Cordeiro

domingo, 14 de maio de 2017

“Sentinelas da madrugada”

Foto retirada daqui
O Papa Francisco veio a Fátima recordar que “temos Mãe!”

Repetiu-o três vezes na homilia da missa de ontem, que celebrou os cem anos das aparições. Uma mãe misericordiosa e “bendita por ter acreditado”, não alguém que segura o “braço justiceiro de Deus pronto a castigar”, ou uma “Santinha a quem se recorre para obter favores a baixo preço”, como tinha esclarecido na noite anterior, depois da bênção das velas e antes da oração do Rosário. Mais uma vez, o Papa preferiu sublinhar a misericórdia e não o juízo ou a condenação.

Terminou a homilia a desafiar os fiéis a não serem “uma esperança abortada”, mas a converterem-se, “sob a proteção de Maria”, em “sentinelas da madrugada”. Exortou-os a saber “contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”.

Com as suas palavras o Papa deu um contributo extraordinário para ajudar os crentes a melhor entenderem o papel da Virgem Maria nas suas vidas, bem como a forma como se devem relacionar com ela. Não o fez com uma linguagem hermética e complicada, como tantas vezes acontece em contextos eclesiais, mas com o recurso a uma linguagem que todos compreendem, mesmo arriscando-se a escandalizar alguns que preferem as conceções marianas que ele criticou.

Compete à Igreja, sobretudo a portuguesa, dar agora continuidade ao percurso que o Papa iniciou na Cova da Iria. Levar as pessoas a viverem uma espiritualidade mariana ajustada ao Evangelho e, por isso, mais sadia. A Igreja deve tornar-se mais luminosa, com uma pulsação mais jovem e um renovado ardor missionário. E – ponto muito importante – não deve ter receio de empobrecer, desde que seja para se tornar muito mais rica em caridade.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 13/05/2017)

sábado, 13 de maio de 2017

Papa Francisco: Peregrino da Paz

Foto retirada daqui
Passaram cem anos e muitas das questões que se colocaram quando as três crianças disseram que viram a Nossa Senhora continuam por responder. Ao longo de um século, o Santuário de Fátima — com diversas iniciativas, como os congressos marianos — tem procurado encontrar respostas para muitas das dúvidas e críticas que têm sido feitas às aparições.

Nos últimos meses reacenderam-se polémicas e trocaram-se argumentos. Começou-se logo pela designação mais correta dos acontecimentos, se aparições ou visões. Se as crianças tiveram uma experiência mística e digna de fé, como defende a Igreja, ou se tudo não passou de um aproveitamento para reforçar o papel da Igreja num período em que ela era muito contestada, e perseguida.

São debates interessantes, que devem continuar depois da celebração do centenário para um melhor conhecimento da mensagem de Fátima e seu aprofundamento. E até para a correção de algumas interpretações erróneas. Essa discussão, contudo, passa ao lado dos peregrinos que rumam à Cova da Iria com as mais diversas motivações, como não se têm cansado de mostrar todos os meios de comunicação presentes no acompanhamento e chegada dos peregrinos ao Santuário.

O Papa Francisco fez questão de sublinhar que vem como peregrino. Afirmou-o tanto na mensagem que dirigiu aos portugueses, como na primeira oração na Capelinha das Aparições. Extraordinário é que tenha assumido igualmente a condição de pecador, o qual caminha em sintonia com tantos outros que reconhecem em si essa mesma condição.

Vem como peregrino da paz preocupado com esta “terceira guerra mundial aos pedaços”. Ergue a sua voz para denunciar os muros que estão a ser construídos, num mundo que precisa, como nunca, de pontes que congreguem.

O Papa Francisco, embora não seja essa a sua principal preocupação, poderá ajudar a compreender melhor a Mensagem de Fátima — e também a actualizá-la, a usá-la como resposta ao contexto que o mundo vive neste início do terceiro milénio. Pode ser que não resolva questões com cem anos, mas contribuirá decerto para a forma como Fátima será interpretada nos próximos anos.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 12/05/2017)

domingo, 15 de janeiro de 2017

Fátima o altar do mundo

Ao longo destes cem anos, o Santuário de Fátima consolidou-se como o “Altar do mundo”. Nos inícios, as aparições foram acolhidas com ceticismo, como convém, pela Igreja Católica. Graças à intervenção e ao escrutínio do Cónego Manuel Nunes Formigão, foram-se desfazendo as dúvidas. A mensagem divulgada pelos pastorinhos mereceu então a aprovação eclesiástica, por não por em causa mas estar em consonância com o Evangelho. Desde então o Santuário acolhe peregrinos oriundos de todo o mundo e até de todas as latitudes da fé.
Do ambiente pastorício onde os pastorinhos brincavam e rezavam, hoje, resta apenas uma frondosa azinheira, junto da Capelinha das Aparições, que assinala o local das aparições, ponto de passagem quase obrigatória de todos os peregrinos. Onde podem contemplar a primeira imagem, segundo a Irmã Lúcia, a que melhor traduz a Senhora que ela viu. Diz-se que o seu escultor, José Ferreira Thedim, nunca mais conseguiu esculpir outra tão fiel como essa. É essa, também, a que fixou os elementos fundamentais da iconografia de Nossa Senhora de Fátima. Que aparecem nas imagens espalhadas por todo o mundo.
Nos espaços, que antes eram as pastagens das ovelhas e onde cresciam as azinheiras, estende-se agora uma esplanada, que envolve a Capelinha e vai desde a basílica de Nossa Senhora do Rosário (inaugurada em 1953) à da Santíssima Trindade, que assinala os 90 anos das aparições. Este é o espaço que acolhe as principais celebrações entre Maio e Outubro, onde se reúnem, ao longo de todo o ano, milhares de peregrinos com as mais variadas inquietações, preocupações e motivações.

O primeiro livro da coleção sobre os Santos que nos protegem é precisamente dedicado ao acontecimento de Fátima. É uma súmula das aparições e das principais datas que marcaram os cem anos de história do Santuário. Tal como nos seguintes, referem-se as principais celebrações, a iconografia e algumas orações para invocar a intercessão de cada santo, particularmente nas situações de que eles são patronos.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 14/01/2017)

sábado, 14 de janeiro de 2017

Homens e mulheres que também caíram mas nunca desistiram

Os santos são homens e mulheres como qualquer um de nós, com defeitos e virtudes. Falharam e caíram mas, contrariamente ao que acontece tantas vezes connosco, nunca desistiram. Insistiram em se levantar e continuaram a procurar fazer a vontade de Deus, a qual passa, necessariamente, por um certo esvaziamento de si próprios em virtude da dedicação aos outros, particularmente aos mais necessitados.
Os santos são aqueles que souberam, no passado, corresponder ao desafio que, atualmente, o Papa Francisco não se cansa de repetir e repropor: “sair de si” e ir ao encontro dos que habitam nas “periferias existenciais e geográficas do nosso mundo”.
Por vezes colocamos os santos fora do mundo, ou num mundo à parte. Na verdade, eles, embora acreditando num mundo outro, nunca desistiram do mundo em que viveram e empenharam-se em transformá-lo à luz das suas convicções, dos valores em que acreditaram, os quais se sentiam chamados a viver na quotidianidade das suas existências.
“O santo testemunha-nos que a vida é responder às provocações que, dia-a-dia, são vertidas no coração e na mente; é o desejo de ‘estar’ dentro deste mundo, num mundo original e ao mesmo tempo útil e construtivo; é também a superação do contingente e evocação – pressentimento do futuro, do eterno”, como se pode ler na introdução ao volume 16 da obra “Lectio divina: per ogni giorno dell’anno”, dirigida por Giorgio Zevini e Pier Giordano Cabra.
Este livro refere igualmente que, lendo nós a vida dos santos à luz da Palavra de Deus, aprendemos também a ler a nossa própria vida, descobrindo com eles o segredo de viver melhor o nosso quotidiano.

O Jornal de Notícias decidiu oferecer aos seus leitores um conjunto de livros sobre alguns santos. Esta coleção é uma oportunidade para conhecer melhor a sua vida e, a essa luz, fazermos uma releitura da nossa vida.
Nossa Senhora de Fátima abre esta coleção. Ela que é seguramente aquela, de entre todos os santos, a quem os portugueses dedicam uma maior veneração.
Seguem-se outros. Os três santos celebrados no mês de Junho, conhecidos pelos Santos Populares: Santo António, São João e São Pedro. Faz também parte desta coleção São Francisco de Assis, que não sendo um santo popular é um dos santos mais conhecidos em toda a cristandade e fora dela.
Para além destes são também contemplados Santa Bárbara e São Jorge, com uma grande tradição na piedade popular. A santa protetora das trovoadas entrou mesmo na linguagem proverbial portuguesa e São Jorge era já invocado pelo Santo Condestável, Nuno Álvares Pereira, que atribuiu à sua intercessão a vitória na Batalha de Aljubarrota.
Juntam-se a estes alguns que adquiriram uma relevância particular por serem invocados em situações particularmente difíceis, como é o caso de S. Rita de Cássia, S. Judas Tadeu e Santa Hedviges, a protetora dos pobres, dos aflitos e dos endividados.
Completa este conjunto de santos o esposo de Maria: São José, padroeiro da Igreja universal.

Foram muitos os homens e as mulheres que trilharam o caminho da santidade. Este é um bom conjunto para os representar.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 13/01/2017)