Os santos são homens e mulheres como qualquer um de
nós, com defeitos e virtudes. Falharam e caíram mas, contrariamente ao que
acontece tantas vezes connosco, nunca desistiram. Insistiram em se levantar e
continuaram a procurar fazer a vontade de Deus, a qual passa, necessariamente,
por um certo esvaziamento de si próprios em virtude da dedicação aos outros,
particularmente aos mais necessitados.
Os santos são aqueles que souberam, no passado,
corresponder ao desafio que, atualmente, o Papa Francisco não se cansa de
repetir e repropor: “sair de si” e ir ao encontro dos que habitam nas
“periferias existenciais e geográficas do nosso mundo”.
Por vezes colocamos os santos fora do mundo, ou num
mundo à parte. Na verdade, eles, embora acreditando num mundo outro, nunca
desistiram do mundo em que viveram e empenharam-se em transformá-lo à luz das
suas convicções, dos valores em que acreditaram, os quais se sentiam chamados a
viver na quotidianidade das suas existências.
“O santo testemunha-nos que a vida é responder às
provocações que, dia-a-dia, são vertidas no coração e na mente; é o desejo de
‘estar’ dentro deste mundo, num mundo original e ao mesmo tempo útil e
construtivo; é também a superação do contingente e evocação – pressentimento do
futuro, do eterno”, como se pode ler na introdução ao volume 16 da obra “Lectio
divina: per ogni giorno dell’anno”, dirigida por Giorgio Zevini e Pier Giordano
Cabra.
Este livro refere igualmente que, lendo nós a vida
dos santos à luz da Palavra de Deus, aprendemos também a ler a nossa própria
vida, descobrindo com eles o segredo de viver melhor o nosso quotidiano.
O Jornal de Notícias decidiu oferecer aos seus
leitores um conjunto de livros sobre alguns santos. Esta coleção é uma
oportunidade para conhecer melhor a sua vida e, a essa luz, fazermos uma
releitura da nossa vida.
Nossa Senhora de Fátima abre esta coleção. Ela que é
seguramente aquela, de entre todos os santos, a quem os portugueses dedicam uma
maior veneração.
Seguem-se outros. Os três santos celebrados no mês
de Junho, conhecidos pelos Santos Populares: Santo António, São João e São
Pedro. Faz também parte desta coleção São Francisco de Assis, que não sendo um
santo popular é um dos santos mais conhecidos em toda a cristandade e fora dela.
Para além destes são também contemplados Santa
Bárbara e São Jorge, com uma grande tradição na piedade popular. A santa
protetora das trovoadas entrou mesmo na linguagem proverbial portuguesa e São
Jorge era já invocado pelo Santo Condestável, Nuno Álvares Pereira, que
atribuiu à sua intercessão a vitória na Batalha de Aljubarrota.
Juntam-se a estes alguns que adquiriram uma
relevância particular por serem invocados em situações particularmente
difíceis, como é o caso de S. Rita de Cássia, S. Judas Tadeu e Santa Hedviges,
a protetora dos pobres, dos aflitos e dos endividados.
Completa este conjunto de santos o esposo de Maria:
São José, padroeiro da Igreja universal.
Foram muitos os homens e as mulheres que trilharam o
caminho da santidade. Este é um bom conjunto para os representar.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 13/01/2017)
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