sábado, 13 de maio de 2017

Papa Francisco: Peregrino da Paz

Foto retirada daqui
Passaram cem anos e muitas das questões que se colocaram quando as três crianças disseram que viram a Nossa Senhora continuam por responder. Ao longo de um século, o Santuário de Fátima — com diversas iniciativas, como os congressos marianos — tem procurado encontrar respostas para muitas das dúvidas e críticas que têm sido feitas às aparições.

Nos últimos meses reacenderam-se polémicas e trocaram-se argumentos. Começou-se logo pela designação mais correta dos acontecimentos, se aparições ou visões. Se as crianças tiveram uma experiência mística e digna de fé, como defende a Igreja, ou se tudo não passou de um aproveitamento para reforçar o papel da Igreja num período em que ela era muito contestada, e perseguida.

São debates interessantes, que devem continuar depois da celebração do centenário para um melhor conhecimento da mensagem de Fátima e seu aprofundamento. E até para a correção de algumas interpretações erróneas. Essa discussão, contudo, passa ao lado dos peregrinos que rumam à Cova da Iria com as mais diversas motivações, como não se têm cansado de mostrar todos os meios de comunicação presentes no acompanhamento e chegada dos peregrinos ao Santuário.

O Papa Francisco fez questão de sublinhar que vem como peregrino. Afirmou-o tanto na mensagem que dirigiu aos portugueses, como na primeira oração na Capelinha das Aparições. Extraordinário é que tenha assumido igualmente a condição de pecador, o qual caminha em sintonia com tantos outros que reconhecem em si essa mesma condição.

Vem como peregrino da paz preocupado com esta “terceira guerra mundial aos pedaços”. Ergue a sua voz para denunciar os muros que estão a ser construídos, num mundo que precisa, como nunca, de pontes que congreguem.

O Papa Francisco, embora não seja essa a sua principal preocupação, poderá ajudar a compreender melhor a Mensagem de Fátima — e também a actualizá-la, a usá-la como resposta ao contexto que o mundo vive neste início do terceiro milénio. Pode ser que não resolva questões com cem anos, mas contribuirá decerto para a forma como Fátima será interpretada nos próximos anos.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 12/05/2017)

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