Foto retirada daqui |
Os primeiros cristãos começaram a designar o local de
deposição dos mortos como cemitérios. Deixou de ser a necrópole (cidade dos
mortos), como acontecia nas culturas grega e latina, para passar a ser o
terreno onde os corpos são depositados. Onde é semeado o corruptível para
ressuscitar incorruptível, na perspetiva de S. Paulo (Cf. 1 Cor. 15, 42).
Desde então, a Igreja Católica continua a privilegiar a sepultura
dos mortos, embora Paulo VI, em 1963, tenha aberto a possibilidade de estes poderem
ser cremados por “razões de ordem higiénica, social ou económica”. É o que
sucede nas restantes igrejas cristãs, com exceção da Igreja Ortodoxa, que não
admite essa prática. O mesmo se passa com os judeus e os muçulmanos.
O Vaticano, através da Congregação da Doutrina da Fé,
divulgou esta semana uma instrução em que se reafirma esta práxis e em que
aborda as questões em torno da cremação. “A Igreja continua a preferir a
sepultura dos corpos uma vez que, assim, se evidencia uma estima maior pelos
defuntos; todavia, a cremação não é proibida, a não ser que tenha sido
preferida por razões contrárias à doutrina cristã”, refere o documento.
A sepultura dos entes queridos facilita uma leitura do
acontecimento da morte mais em sintonia com a perspetiva cristã. Já a cremação
pode originar o que o documento denomina “conceções erróneas sobre a morte”: as
que a percebam como “o aniquilamento definitivo da pessoa”; “o momento da sua
fusão com a Mãe natureza ou com o universo”; “uma etapa no processo da
reincarnação”; ou, ainda, “como a libertação definitiva da ‘prisão’ do corpo”.
Por isso, a Igreja admite a cremação, mas propõe que
as cinzas sejam sepultadas num cemitério ou num local sagrado. E não admite a “dispersão
das cinzas no ar, na terra ou na água” ou que estas sejam conservadas “sob a
forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objetos”.