Foto retirada daqui |
O Papa Francisco anunciou este domingo a criação de 17
novos cardeais no consistório que se realizará a 19 de Novembro, na vigília do
encerramento da Porta Santa do Ano da Misericórdia.
Quatro dos cardeais agora nomeados ultrapassaram os
oitenta anos, pelo que já não poderão participar na eleição do Papa. Um deles é
um sacerdote albanês, perseguido pelo regime comunista que proclamou a Albânia como “o primeiro estado ateu no mundo”. O P. Ernest Simoni, agora com 88 anos,
foi sujeito a trabalhos forçados entre 1963 e 1990. O seu testemunho emocionou
Francisco durante a visita à Albânia em Setembro de 2014, que agora decidiu
conceder-lhe o título cardinalício.
Esta não é uma novidade de Francisco. Já no consistório
de 26 de Novembro de 1994, João Paulo II fez cardeal Mikel Koliqi, ele um
sacerdote albanês perseguido pelo comunismo.
Com mais esta nomeação de Francisco, continua a
verificar-se a tendência de universalização do colégio cardinalício iniciada por
Pio XII. Desde então, tem vindo a diminuir o número de cardeais italianos e
europeus e a aumentar o dos oriundos de outras geografias. Dos 13 cardeais com
menos de 80 anos, três são europeus, três da América Latina, três dos Estados
Unidos, dois africanos, um da Ásia e outro da Oceânia. Isto traduz bem a
preocupação de Francisco em nomear cardeais dos cinco continentes.
Para além dessa tendência, o Papa continua a não atribuir
o barrete cardinalício em função das prerrogativas que determinadas dioceses
adquiriram no passado, mas sim pelo perfil pastoral dos bispos escolhidos para
receberem essa distinção. Os bispos de Turim e de Veneza, dioceses habituadas a
ter um cardeal, voltaram a ser preteridos nas escolhas do Papa.
A lógica de Francisco não é a dos privilégios, por vezes
adquiridos no passado a peso de ouro. A sua lógica é pastoral, determinada por
uma especial atenção às “periferias”.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 14/10/2016)
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