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O cardeal Juan Luis Cipriani, arcebispo de Lima, no Perú, utilizou em
artigos de opinião, publicados no principal diário daquele país
latino-americano, o “El Comercio”, textos do Papa Paulo VI e do então cardeal Joseph
Ratzinger, hoje Papa-emérito Bento XVI, sem os citar.
Logo que foi detetado o plágio, o jornal decidiu não publicar mais textos
assinados pelo arcebispo. Cipriani, numa carta ao diretor da publicação, pediu
desculpa aos leitores pelo sucedido e tentou justificar o injustificável,
socorrendo-se de dois argumentos. Referiu a falta de espaço para citar as
fontes e, o mais extraordinário, que se escusou a citá-las porque os “ensinamentos
de Cristo, dos Papas e da Doutrina Social da Igreja”, que ele segue fielmente,
são um “património comum da fé, não têm uma propriedade intelectual”.
Como acontece muitas vezes em determinados meios eclesiásticos, bem como no
seio de outras instituições, quando não se consegue abafar o escândalo tenta-se
tapar o sol com a peneira. Só que isso revela-se sempre uma péssima estratégia.
Neste caso, o purpurado peruano acicatou ainda mais os jornalistas, que foram
investigar se ele teria feito o mesmo com ideias provenientes de outras fontes.
E descobriram que, em 2009, utilizou numa homilia textos do filósofo espanhol Alejandro
Llano Cifuentes, publicados no livro “La Nueva Sensibilidad”, sem referir o
autor.
Plagiar alguém é sempre um comportamento abjeto e condenável. Não há forma
de o justificar nem de o escamotear. Mas fazê-lo em textos publicados on-line,
para além de ser desonesto, é imbecil. Se por um lado a internet e os motores
de pesquisa permitem o acesso fácil a muita informação, também permitem detetar
facilmente a apropriação indevida das ideias de outra pessoa. Pelo que quem se
habituou a copiar as ideias dos outros o melhor é não disponibilizar os “seus”
textos on-line, porque rapidamente poderá ser apanhado. Quando tal acontece, é preferível
reconhecer que errou, sem tentar justificar-se.
Quem o faz num órgão de informação, tal como aconteceu
com Cipriani, deve ser imediatamente impedido de publicar porque pode voltar a
ceder à tentação. E, para além disso, ficará sempre nos leitores a dúvida se os
textos por ele assinados são, ou não, da sua autoria.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 28/08/2015)