Manchete da última edição do “Sol” Imagem recortada daqui |
Publicamente, todos os bispos portugueses têm aplaudido o Papa. Ainda nenhum, que me tenha apercebido, criticou alguma das posições e das perspetivas que ele tem proposto para a Igreja. Admito que em privado façam eco de algum desconforto para com certas teses “bergoglianas”. Contudo, como noticiou o semanário "Sol", na sua última edição, chegar ao ponto de não respeitar o desafio que o Papa fez à Igreja de todo mundo para refletir o problema dos divorciados recasados, e enviar um documento votado por todos os bispos, incluindo os eméritos, em que, simplesmente, se lhes recusa o acesso à comunhão, parece-me inconcebível!
Situar o debate só em torno da questão de os católicos recasados poderem, ou não, comungar, é muito redutor. Assim posta a questão, é natural que se criem divisões entre os que defendem, e os que negam, essa possibilidade.
Ora, o objetivo do Papa não terá sido esse ao levantar essa questão (e outras). O que ele pediu à Igreja foi que reflita sobre a forma de conciliar a indissolubilidade do matrimónio com o acesso dos recasados à comunhão. Ou seja: como continuar a valorizar e a propor o matrimónio católico para toda a vida; e ter uma solução para aqueles que falharam nesse projeto e, por isso, se veem arredados dos sacramentos só por terem contraído uma nova união.
Assim sendo, a preocupação dos bispos deverá ser ler as sensibilidades e propostas da Igreja em Portugal. E, depois, enviar para o Sínodo sugestões, linhas de reflexão, pistas para que os bispos de todo mundo possam encontrar uma saída para este problema que, à primeira vista, parece irreconciliável.
Em muitos contextos, e por diferentes personalidades da Igreja, já foram sugeridas diversas soluções. Espera-se que os bispos portugueses, tendo ouvido as diferentes sensibilidades nacionais, consigam retirar das diferentes posições, por vezes diametralmente opostas, um contributo válido para o Sínodo. É crucial para a Igreja, no mundo de hoje, encontrar a solução para este e outros problemas que afetam a vida de pessoas concretas.
Por isso, limitarem-se a dizer ao Papa que se é a favor ou contra a comunhão dos recasados, é, manifestamente, muito pouco. Ele, seguramente, espera muito mais da reflexão dos católicos espalhados por todo o mundo.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 07/08/2015)
Situar o debate só em torno da questão de os católicos recasados poderem, ou não, comungar, é muito redutor. Assim posta a questão, é natural que se criem divisões entre os que defendem, e os que negam, essa possibilidade.
Ora, o objetivo do Papa não terá sido esse ao levantar essa questão (e outras). O que ele pediu à Igreja foi que reflita sobre a forma de conciliar a indissolubilidade do matrimónio com o acesso dos recasados à comunhão. Ou seja: como continuar a valorizar e a propor o matrimónio católico para toda a vida; e ter uma solução para aqueles que falharam nesse projeto e, por isso, se veem arredados dos sacramentos só por terem contraído uma nova união.
Assim sendo, a preocupação dos bispos deverá ser ler as sensibilidades e propostas da Igreja em Portugal. E, depois, enviar para o Sínodo sugestões, linhas de reflexão, pistas para que os bispos de todo mundo possam encontrar uma saída para este problema que, à primeira vista, parece irreconciliável.
Em muitos contextos, e por diferentes personalidades da Igreja, já foram sugeridas diversas soluções. Espera-se que os bispos portugueses, tendo ouvido as diferentes sensibilidades nacionais, consigam retirar das diferentes posições, por vezes diametralmente opostas, um contributo válido para o Sínodo. É crucial para a Igreja, no mundo de hoje, encontrar a solução para este e outros problemas que afetam a vida de pessoas concretas.
Por isso, limitarem-se a dizer ao Papa que se é a favor ou contra a comunhão dos recasados, é, manifestamente, muito pouco. Ele, seguramente, espera muito mais da reflexão dos católicos espalhados por todo o mundo.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 07/08/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário