Foto retirada daqui |
O mundo mudou muito desde que os representantes de várias
religiões se reuniram pela primeira vez em Assis, há trinta anos, em torno do
Papa João Paulo II. Então rezava-se pelo fim da Guerra Fria e da escalada
nuclear que ameaçava destruir o planeta. Agora pede-se o fim da “Terceira
Guerra Mundial em pedaços”, como a tem denominado o Papa Francisco.
Mais de 400 líderes religiosos reuniram-se de novo para
reavivar o espírito de Assis. Juntaram as suas vozes para condenar os que matam
em nome de Deus e testemunhar a sua convicção de que as “religiões são e podem
ser fontes de paz”, como disse Andrea Riccardi, da Comunidade de S. Egídio, na
abertura do encontro.
Na declaração final conjunta, “homens e mulheres de diferentes
religiões” afirmam claramente: “A paz é o nome de Deus. Quem invoca o nome de
Deus para justificar o terrorismo, a violência e a guerra, não caminha pela
estrada d’Ele: a guerra em nome da religião torna-se uma guerra contra a
própria religião. Por isso, com firme convicção, reiteramos que a violência e o
terrorismo se opõem ao verdadeiro espírito religioso”.
Tamar Mikalli deu o seu testemunho de como a guerra pôs
fim a um bom relacionamento entre pessoas de diferentes credos. “Venho de
Alepo, a cidade mártir da Síria. Alepo, quando pronuncio este nome, apertasse-me
o coração... Vêm-me à mente tantos amigos muçulmanos e cristãos. Agora há
divisões entre cristãos e muçulmanos, mas antes da guerra não existiam… Depois
rebentou a guerra, ainda não sei bem porquê. Começaram a chover mísseis que
destruíam as casas. Ainda ouço os gritos de um pai, de uma mãe ou os gritos das
crianças que procuram os seus pais”.
São testemunhos como este que desafiam a abandonar o
“paganismo da indiferença”, que o Papa denunciou em Assis. E estimulam os
crentes a serem construtores de paz, no interior das suas comunidades e com os
que professam outra fé.
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