sexta-feira, 23 de setembro de 2016

As religiões e a paz

Foto retirada daqui
O mundo mudou muito desde que os representantes de várias religiões se reuniram pela primeira vez em Assis, há trinta anos, em torno do Papa João Paulo II. Então rezava-se pelo fim da Guerra Fria e da escalada nuclear que ameaçava destruir o planeta. Agora pede-se o fim da “Terceira Guerra Mundial em pedaços”, como a tem denominado o Papa Francisco.

Mais de 400 líderes religiosos reuniram-se de novo para reavivar o espírito de Assis. Juntaram as suas vozes para condenar os que matam em nome de Deus e testemunhar a sua convicção de que as “religiões são e podem ser fontes de paz”, como disse Andrea Riccardi, da Comunidade de S. Egídio, na abertura do encontro.

Na declaração final conjunta, “homens e mulheres de diferentes religiões” afirmam claramente: “A paz é o nome de Deus. Quem invoca o nome de Deus para justificar o terrorismo, a violência e a guerra, não caminha pela estrada d’Ele: a guerra em nome da religião torna-se uma guerra contra a própria religião. Por isso, com firme convicção, reiteramos que a violência e o terrorismo se opõem ao verdadeiro espírito religioso”.

Tamar Mikalli deu o seu testemunho de como a guerra pôs fim a um bom relacionamento entre pessoas de diferentes credos. “Venho de Alepo, a cidade mártir da Síria. Alepo, quando pronuncio este nome, apertasse-me o coração... Vêm-me à mente tantos amigos muçulmanos e cristãos. Agora há divisões entre cristãos e muçulmanos, mas antes da guerra não existiam… Depois rebentou a guerra, ainda não sei bem porquê. Começaram a chover mísseis que destruíam as casas. Ainda ouço os gritos de um pai, de uma mãe ou os gritos das crianças que procuram os seus pais”.

São testemunhos como este que desafiam a abandonar o “paganismo da indiferença”, que o Papa denunciou em Assis. E estimulam os crentes a serem construtores de paz, no interior das suas comunidades e com os que professam outra fé.

(Texto publicado no Correio da Manhã de236/09/2016)

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