Os três reclusos que fazem hóstias na cadeia de Milão, Itália. Giuseppe (perpétua), Cristiano (condenado a 23 anos) e Ciro (perpétua) Foto retirada daqui |
Não falta quem pense que tudo o que se faz com os
reclusos é tempo perdido. Todavia, continua a haver quem acredite que o tempo
de reclusão pode transformar-se numa oportunidade de conversão.
Foi com esta convicção que a Fundação “Casa dello Spirito e delle Arti” pôs três reclusos, que cumprem penas pesadas por homicídio, na
cadeia de alta segurança de Milão, em Itália, a produzir hóstias. Ciro,
Giuseppe e Cristiano, em Abril, levaram pessoalmente ao Papa Francisco doze mil
hóstias. “Entregámos ao Santo Padre o fruto do nosso trabalho e da nossa
redenção. Jesus, presente com o seu corpo na Eucaristia, mudou o nosso coração
e hoje podemos testemunhar a todos que a Misericórdia de Deus é possível para
todos, até para quem – como nós – tenha cometido crimes horrendos”, disseram
então ao sítio “Vatican Insider”.
Durante o mês de
Agosto, as mesmas mãos que antes tiraram a vida, produziram agora dezasseis mil
partículas que serão consagradas no Congresso Eucarístico que decorre, desde
ontem até domingo, na cidade italiana de Génova.
Hoje, na cadeia de Bragança, conclui-se uma sessão da
Novahumanitas, denominada “Descobre-te a ti mesmo…” Esta formação pretende
ajudar cada participante “a iniciar um processo de autoconhecimento e de
crescimento pessoal que o conduza a uma maior liberdade e plenitude de vida”. É
a primeira vez que é ministrada em contexto prisional. Ao longo de quatro dias,
guiados por Maria dos Anjos, com os seus “78 anos de juventude acumulada”, homens
amargurados e angustiados fizeram a experiência de, talvez pela primeira vez,
entrar em si mesmos. Descobriram que, para além dos seus defeitos e falhas,
também são habitados por valores e potencialidades. Sentiram o desejo de mudar
as suas vidas.
Oxalá o consigam, para que também eles se convertam em
testemunhas de que, apesar de tudo o que se possa ter feito, é sempre possível mudar
de vida.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 16/09/2016)
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