D. António Marto Foto: Fatima.pt retirada daqui |
O futuro
político do país está dependente das decisões dos líderes políticos,
particularmente de António Costa, que determinarão se teremos um governo de
esquerda ou de direita. Os bispos portugueses acompanham estes tempos “de uma
certa incerteza e ansiedade em todo o país”, como os classificou D. António
Marto, bispo de Leiria-Fátima e vice-presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa. E pediu aos políticos “para que, neste processo, manifestem uma
profunda responsabilidade que os leve
a colocar o interesse nacional acima de todos os interesses partidários”.
Já em
relação à opção concreta por um governo de esquerda ou de direita, embora não
seja uma questão “indiferente” e em que “cada um terá a sua opinião” – segundo
o P. Manuel Barbosa, porta-voz da Conferência Episcopal – os bispos não se
comprometem com nenhuma das soluções. Limitam-se a apelar à estabilidade
governativa “porque o país está em primeiro lugar, tal como o interesse comum”.
Nesta
posição estão em perfeita sintonia com os ensinamentos dos últimos Papas. “A
Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política”,
escrevia Bento XVI na Encíclica “Deus caritas est” (nº 28). “No diálogo com o
Estado e com a sociedade, a Igreja não tem soluções para todas as questões
específicas. Mas, juntamente com as várias forças sociais, acompanha as
propostas que melhor correspondam à dignidade da pessoa humana e ao bem comum.
Ao fazê-lo, propõe sempre com clareza os valores fundamentais da existência
humana, para transmitir convicções que possam depois traduzir-se em ações
políticas”, pode ler-se no nº 224 da “Evangelii Gaudium” do Papa Francisco.
No mesmo
texto, o Papa diz: “Às vezes interrogo-me sobre quais são as pessoas que, no
mundo atual, se preocupam realmente mais com gerar processos que construam um
povo do que com obter resultados imediatos que produzam ganhos políticos
fáceis, rápidos e efémeros, mas que não constroem a plenitude humana. A
história julgá-los-á” (nº 224).
Para o bem do povo português, deseja-se que a intensa
atividade política a que se tem assistido, e as decisões que venham a ser
tomadas, não sejam corrompidas por um qualquer estéril e fútil tacticismo
político-partidário. A história encarregar-se-á de julgar.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 16/10/2015)
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