Foto retirada daqui |
Uma Igreja que
não escuta as preocupações e inquietações dos seus contemporâneos, que não
dialoga com o mundo e não tem uma palavra nova para lhes transmitir está a
trair a sua primordial missão. “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a
toda a criatura” (Mc. 16, 15), é o primeiro e principal encargo que Jesus
Ressuscitado confia aos seus discípulos na manhã de Páscoa. Num primeiro
momento eles ficam fechados no Cenáculo, mas, após receberem a força do
Espírito Santo, segundo Lucas, vencem então o medo e começam a anunciar Jesus
Cristo morto e ressuscitado à multidão.
Desde então,
a tarefa missionária é a mais importante e decisiva para a vida da Igreja. Para
sublinhar esta característica – e todos os fiéis puderem refletir sobre esta realidade
e dar o seu contributo – o terceiro domingo de outubro é celebrado como o Dia
Mundial das Missões.
Ainda hoje,
tal como aconteceu com os apóstolos, a Igreja sente o medo de sair e até de se
deixar contaminar pelo mundo. Isso tem, aliás, levado o Papa Francisco a apelar
continuamente a uma “Igreja em saída”, que vá ao encontro das “periferias
existenciais e geográficas”. No passado, a Igreja permitiu que a sua atividade
missionária servisse de justificação para a conquista, colonização e destruição
de culturas ancestrais, como aconteceu, sobretudo, na América Latina e em África.
Felizmente, a Igreja foi evoluindo na sua forma evangelizar.
“Hoje, a
missão enfrenta o desafio de respeitar a necessidade que todos os povos têm de
recomeçar das próprias raízes e de salvaguardar os valores das respetivas
culturas. Trata-se de conhecer e respeitar outras tradições e sistemas
filosóficos e de reconhecer a cada povo e cultura o direito de fazer-se ajudar
pela própria tradição na compreensão do mistério de Deus e no acolhimento do
Evangelho de Jesus, que é luz para as culturas e força transformadora das
mesmas”, adverte o Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial das Missões deste
ano.
Há quinhentos anos achava-se normal que se impusesse a
nossa cultura aos povos conquistados. Esperemos que não sejam precisos tantos
anos para se perceber o disparate que é abandonarmos as nossas ancestrais
tradições para assumir outras, como por exemplo o “Halloween”, que já aí vem...
(Texto publicado no Correio da Manhã de 23/10/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário