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A Europa está concentrada na resolução da crise grega e
não estará a dar a devida atenção à visita do Papa Francisco ao Equador, à Bolívia
e ao Paraguai.
As instituições europeias e o governo grego estão
concentrados na discussão de um plano económico que concilie o pagamento das
dívidas com a recuperação financeira do país e têm, porventura, esquecido as
pessoas. Sobretudo as que mais sofrem com as consequências da falta de
entendimento: os mais pobres.
Já no discurso e na atuação do Papa eles, os pobres, têm o
maior destaque. Por isso, Francisco escolheu três dos países com mais pobreza
na primeira visita por ele planeada à América Latina, uma vez que a ida ao
Brasil estava já agendada pelo seu antecessor. Escolheu esses países para expor
ao mundo as virtualidades, e os problemas, do continente que ele tão bem
conhece.
Logo nas primeiras palavras em Quito, capital do Equador,
referiu os contributos que o Evangelho pode oferecer “para que as realizações
alcançadas no progresso e desenvolvimento se consolidem e possam garantir um
futuro melhor para todos, prestando especial atenção aos nossos irmãos mais
frágeis e às minorias mais vulneráveis, uma dívida que tem ainda toda a América
Latina”.
Também aos universitários transmitiu a sua preocupação
com os esquecidos da sociedade. E recordou um pensamento já expresso na
Evangelii Gaudium: “Um pobre morre por causa do frio e da fome e isso não é
notícia, mas se as bolsas das principais capitais do mundo caem dois ou três
pontos arma-se um grande escândalo mundial”.
Antecipando as vozes que consideram o discurso do Papa demasiado
à “esquerda”, disse no encontro com os representantes da sociedade equatoriana:
“Vós podeis perguntar-me: Padre, porque fala tanto destes temas? Simplesmente
porque esta realidade, e a resposta a esta realidade, estão no coração do
Evangelho, está no protocolo de Mateus 25”. (Nesse texto do Evangelho, Jesus
diz ao seu discípulos que sempre que dão de comer e de vestir aos mais pobres
ou visitam os doentes e os detidos é a Ele que visitam).
Se os mais pobres dos europeus fossem a maior
preocupação dos seus líderes, talvez já se tivesse encontrado uma solução para
o problema da dívida grega e das dívidas soberanas de outros estados da União
Europeia.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 10/07/2015)
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