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O Papa Francisco
recebeu, no início de maio, a arcebispa luterana de Uppsala, na Suécia, Antje
Jackelen. Falou-se sobretudo do diálogo entre os cristãos das diferentes
igrejas. “Na realidade, eles não devem ser considerados adversários ou
concorrentes, mas reconhecidos por aquilo que são: irmãos e irmãs na fé” disse
o Papa. Em consonância, saudou a líder da igreja luterana na Suécia como
“querida irmã”.
Nesse
encontro o Papa fez questão de sublinhar “a questão da dignidade da vida
humana, que deve ser sempre respeitada, assim como o são as temáticas relativas
à família, ao matrimónio e à sexualidade, que não podem ser silenciadas ou
ignoradas por receio de pôr em perigo o consenso ecuménico já alcançado. Seria
lastimável se sobre estas questões se consolidassem novas diferenças
confessionais”.
Estas
palavras tiveram diferentes leituras. Uns destacam os consensos já conseguidos
nas chamadas “questões fraturantes” entre as diferentes igrejas cristãs. Viram
nas palavras do Papa um desejo de consolidação desse caminho já percorrido, o
qual não exige a mudança da práxis católica nessas matérias para salvar o
diálogo ecuménico.
Para outros,
o Papa, ao acolher uma mulher ordenada, que apoia o casamento de pessoas do
mesmo sexo na igreja, está a dar um sinal de abertura à admissão de mulheres ao
sacramento da ordem e dos homossexuais ao sacramento do matrimónio, bem como à
revisão da abordagem católica da família e da sexualidade. De facto, ele tem
defendido a promoção da mulher na Igreja, que não passa necessariamente pela
sua ordenação. E também tem apelado ao acolhimento das pessoas homossexuais,
sem nunca pôr em causa o modelo heterossexual do matrimónio católico.
O Papa pediu
que se refletisse sobre esta e outras questões relativas à família durante este
ano, pelo que as conferências episcopais vão procurar recolher as diferentes
sensibilidades no seio da Igreja. Depois, em outubro, o Sínodo dos Bispo procurará
ler os contributos dos fiéis espalhados pelo mundo e proporá ao Papa as suas
conclusões.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 15/05/2015)
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