João XXIII visita a cadeia de“Regina Coeli” Foto retirada daqui |
Os cristãos
não esquecem que o primeiro Papa esteve preso várias vezes em Jerusalém. E que
S. Pedro, no final da vida, passou pela cadeia de Roma e foi condenado à morte,
acabando por ser sepultado onde agora se ergue a Basílica com o seu nome.
Com a
criação do Estado italiano e a perda dos territórios pontifícios, o Papa Pio IX
declarou-se prisioneiro no Vaticano do estado italiano. João XXIII poria fim a
essa “autorreclusão papal” e, poucos meses após a sua eleição, no dia 25 de
Dezembro de 1958, dirigiu-se a um hospital pediátrico fora dos muros vaticanos.
A cadeia “Regina Coeli” foi, no dia seguinte, a sua segunda visita. Dessa
passagem ficou a frase do Papa Bom: “Sou José [seu nome próprio], um vosso irmão”!
Paulo VI visitará
depois a mesma cadeia e dirá “que se pode ser bom no coração, mesmo quando pesa
sobre os ombros uma condenação dos tribunais dos homens”. Na linha do seu
antecessor, a 18 de Dezembro de 2011, Bento XVI, disse aos presos da prisão
romana de Rebibbia: “É preciso pensar que todos podem cair, mas Deus quer que
todos se aproximem dele. Reconheçam a própria fragilidade, avancem com
dignidade e encontrem a alegria na vida”.
Para a
Igreja um recluso nunca é um caso perdido – e a detenção é uma oportunidade
para arrepender-se dos seus crimes, converter-se e recomeçar uma vida nova. Os
ordenamentos jurídicos que rejeitam a pena de morte ou a prisão perpétua, por se
acreditar na possibilidade da recuperação do criminoso, estão em sintonia com a
maneira cristã de encarar a reclusão. Já os que se afastam dela sublinham o
carácter punitivo da pena de prisão e negligenciam a reinserção social dos detidos.
O Ano da
Misericórdia – que se iniciará a 8 de Dezembro e se concluirá no dia 20 de
Novembro de 2016 – irá promover várias iniciativas que traduzam a “proximidade
e atenção aos pobres, aos que sofrem, aos marginalizados e a todos aqueles que
precisam de um sinal de ternura”. Estas foram as palavras do arcebispo Rino
Fisichella na apresentação do calendário do Ano Santo, o qual prevê o “Jubileu
dos Presos” a 6 de novembro de 2016.
O Papa Francisco quer
que, se for possível, alguns reclusos venham à Praça de São Pedro. Não fará sentido
celebrar a Misericórdia e esquecer um dos ambientes em que ela pode ser mais
benéfica.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 08/05/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário