D. Oliver Dashe, bispo de Maiduguri, na Nigéria. Foto: Chema Moya/EFE, retirada daqui |
Todos os
anos, no quarto domingo da Páscoa, que é, também, o Dia Mundial de Oração pelas
Vocações, as leituras da missa apresentam Jesus como o Bom Pastor.
No último
domingo voltou-se a repetir essa celebração. Nessa circunstância o Papa Francisco
recordou que “o Bom Pastor é aquele que dá a vida pelas suas ovelhas”. Num
contexto, como o nosso, de liberdade religiosa, raramente os sacerdotes correm
perigo de vida por assumir essa vocação. Mas, em muitos pontos do globo,
morre-se por se ser cristão. Há dias D. Oliver Dashe, bispo nigeriano, disse: “Quando
aceitei tornar-me bispo, assinei a minha sentença de morte”.
Esta
afirmação foi proferida num congresso em Madrid, dedicado à temática “Todos
Somos Nazarenos”, em que se refletiu sobre a situação dos cristãos perseguidos
pelo fundamentalismo islâmico. A sua diocese situa-se numa região atacada
frequentemente pelo grupo terrorista “Boko Haram”, que tem assassinado todos os
que não seguem a fé em Alá, como eles a defendem, mesmo muçulmanos.
Provavelmente,
nesses contextos de perseguição são menos os que aspiram a ser bispo, tendo em
conta os riscos para a própria vida que esse encargo significa, e mais os que
assumem essa missão com entrega e dedicação às comunidades cristãs, que são
chamados a santificar, ensinar e governar. Nessas circunstâncias, serão,
certamente, em menor número os “trepadores” e “carreiristas” que o Papa tem
denunciado por diversas vezes.
Na verdade,
este proliferam mais em ambientes em que o episcopado é assumido como uma
promoção ou uma posição de destaque. São aqueles que apenas pensam em si
próprios e na satisfação dos seus anseios, que se se pavoneiam nos seus cargos
e que fazem um triste figura a que o Papa aludiu na homilia da missa do último
domingo, em que foram ordenados 19 sacerdotes da diocese de Roma. Já na oração
do “Angelus” disse que “todos os que têm a missão de guias na Igreja –
sacerdotes, bispos, papas – são chamados a assumir, não a mentalidade do
‘manager’ (gerente), mas a do servo, imitando Jesus que, despindo-se de si
próprio, nos salvou com a sua misericórdia”.
Precisam-se mais sacerdotes e bispos que imitem Jesus Cristo o Bom Pastor, que se gastem ao serviço das comunidades cristãs. E que renunciem ao “alpinismo eclesiástico”.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 01/05/2015)
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