Foto retirada daqui |
A Igreja não deve limitar-se a denunciar o
que está errado, tem de comprometer-se na promoção de soluções para os
problemas do mundo em que está inserida. Disso é um bom exemplo a atuação do
Papa Francisco. Quando ainda era cardeal de Buenos Aires, para além de estar
atento ao que acontecia à sua volta, envolvia-se em projetos para promover a
inclusão e a sadia convivência entre diferentes mundividências.
O cardeal Bergoglio acreditava que a
construção de um mundo melhor teria de envolver a juventude. As situações de
violência, de marginalização e de egoísmo que assolam o mundo exigem um
investimento numa educação intercultural e inter-religiosa que habitue os mais
jovens a conviver e a respeitar o diferente. Com esse objetivo impulsionou os
programas “Escola de Vizinhos” e “Escolas Irmãs”. No primeiro os estudantes
eram desafiados a identificar as problemáticas que afetavam a escola, o bairro
ou a cidade e, através do seu envolvimento numa “perspetiva construtiva”,
apresentarem propostas e colaborarem na sua resolução. O segundo, promovia
redes entre escolas e estudantes, em contextos diferentes, que partilhavam
experiências e iniciativas, entreajudando-se.
Estas duas iniciativas estiveram na génese do
“Scholas occurrentes”, um organismo integrado na Pontifícia
Academia das Ciências do Vaticano, que tem como principal objetivo promover a
inclusão social e a cultura do encontro através da tecnologia, da arte e do
desporto. O “Scholas” agrega já mais de quatrocentas mil escolas, numa rede que
abarca os cinco continentes e dedica uma especial atenção às que têm menores
recursos. Terminou ontem o seu congresso mundial, que reuniu em Roma alunos,
professores e peritos de quarenta países. Foram apresentados projetos
educativos de sucesso e diferentes exemplos de atividades desportivas e
artísticas, as quais promovem a atenção às necessidades do outro e à cultura do
encontro. E acalentam a esperança de um futuro mais pacífico para o mundo.
São dinâmicas como esta que desafiam os
cristãos e a sociedade a abandonar a esterilidade de uma crítica ácida e
destrutiva. E que os mobilizam para vencer a resignação perante os males do
mundo e a acreditar que é sempre possível fazer alguma coisa, mesmo perante os
problemas mais difíceis e complexos.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 06/02/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário