Sínodo dos Bispos sobre a Família Foto retirada daqui |
O Papa abriu o Sínodo dos Bispos pedindo aos
participantes que falem claro e escutem com humildade. É neste clima de
abertura que os padres sinodais vão abordar temas como o divórcio, a contraceção,
o aborto, as uniões de facto, os casais homossexuais, as crianças no interior
de uniões homossexuais, a poligamia, o papel eclesial e social da família, a eventualidade
de conceder a comunhão aos recasados.
De entre todos, o que tem merecido maior atenção
mediática é o do acesso aos sacramentos por parte de quem rompeu uma anterior
união e se voltou a casar. Para quem permanece só esse problema não se põe,
isto porque, apesar de estar separado, continua fiel à primeira união, não lhe
podendo ser negada a comunhão, ou ser padrinho ou madrinha.
Tudo isso está vedado aos recasados. É essa situação que
inúmeros casais vivem com sofrimento e pedem à Igreja que encontre uma saída
para a sua situação. O Papa já manifestou que é sensível a essas inquietações e
pede ao Sínodo que dê uma resposta a estas pessoas.
Quanto a ela, os mais intransigentes defendem que não se
pode pôr em causa o princípio da insolubilidade e da unicidade. Não admitem,
por isso, nem mesmo um aligeirar do processo canónico de declaração de nulidade
do anterior matrimónio, como alguns propõe. Fundamentam a sua posição na
tradição da Igreja e nas palavras de Jesus: “Não separe o homem o que Deus
uniu” (Mc. 10, 9).
Jean-Paul Vesco, bispo de Oran, na Argélia, numa entrevista
à revista “La Vie”, diz acreditar que “é teologicamente possível afirmar, ao
mesmo tempo, a indissolubilidade de qualquer verdadeiro amor conjugal, a
unicidade do matrimônio sacramental e a possibilidade de um perdão em caso de
fracasso do que constitui uma das mais belas, mas também das mais perigosas
aventuras humanas, o casamento para toda a vida”.
Na Igreja primitiva era comum “uma prática de tolerância
pastoral, clemência e paciência após um período de penitência”, dos
divorciados, recorda também o cardeal Kasper, no livro “Evangelho da família”.
Compete agora ao Sínodo essa árdua tarefa de procurar
conciliar o que aparentemente é irreconciliável: indissolubilidade e
misericórdia. Eventualmente, recuperando procedimentos do passado.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 10/10/2014)
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