O Papa Francisco está a tornar-se numa fenómeno
verdadeiramente planetário. Não só por liderar uma instituição com presença em
todo o mundo, mas porque a sua palavra se dirige de forma direta aos grandes
problemas de toda a humanidade. Ergueu a sua voz, por diversas vezes – também
na Evangelii Gaudium – para denunciar a “globalização da indiferença”. Apela ao
empenhamento de todos, em particular dos católicos, para “eliminar a exclusão e
a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos”. Os pobres e
excluídos ganharam o lugar central no seu discurso e nos seus gestos.
Esta semana, foi apresentado como personalidade do
ano, pela revista Time. Não é a primeira vez que um Papa recolhe esta classificação,
conferida a quem durante o ano marcou a atualidade. Já aconteceu o mesmo com
João XXIII, em 1962, e com João Paulo II, em 1994. Em ambos os casos, vários
anos depois de terem assumido o papado. Ao atual Bispo de Roma bastaram apenas
nove meses para se impor no espaço mediático. A diretora da Time justifica,
precisamente, a escolha do Papa para capa da próxima semana, por “ser raro que
um novo ator do cenário mundial suscite tão rapidamente a atenção tanto entre
os jovens como entre os mais velhos e de igual modo entre os crentes e os céticos”.
Alguns acham que o sucesso mediático do Papa
Bergoglio se deve às características do seu discurso, que todos compreendem,
sem a linguagem hermética e complexa típica dos eclesiásticos.
Outros leem nas palavras e gestos do Papa uma
estratégia refletida e exemplarmente implementada, para recuperar a base social
de apoio, abordando temas e dando destaque a acontecimentos que marcam a
atualidade.
Apesar de já ter dito que não se sente confortável
nos palcos mediáticos, tem demonstrado uma facilidade de comunicação e um à
vontade extraordinário. Contudo, essa eficácia não se deve tanto a uma
estratégia delineada, nem é fruto de qualquer “media training” para a presença
pública, a que se submetem tantos líderes mundiais: a sua eficácia comunicativa
advém da sua autenticidade e coerência. Diz o que pensa e age em conformidade.
Um grande exemplo, a ser seguido por outras lideranças eclesiásticas e até
políticas.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 13/12/2013)
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