quarta-feira, 28 de agosto de 2024

A III Guerra Mundial em curso

A humanidade esqueceu-se depressa dos horrores da Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, criaram-se uma série de estruturas com o objetivo de prevenir a guerra e resolver os conflitos entre os povos pela via da negociação. Acreditava-se, então, que a democracia acabaria por triunfar em todas as nações e que elas seriam o caminho para a paz.


Quase oitenta anos depois de terminar a Segunda Guerra Mundial, verifica-se, como já tem referido diversas vezes o Papa Francisco, uma “Terceira Guerra Mundial travada aos pedaços”. No sábado passado, num encontro com legisladores católicos no Vaticano, expressou a sua preocupação pelo curso desta Terceira Guerra que “parece permanente e imparável”.


O mais inquietante para o Papa nesta circunstância é “a enorme capacidade destrutiva dos armamentos contemporâneos” que “tornou obsoletos os critérios tradicionais para os limites da guerra”. Para além disso, hoje é cada vez mais inconsistente “a distinção entre objetivos militares e civis”. Por isso, não só a destruição é muito maior, mas também as vítimas são muito mais numerosas. Dada a globalização, a guerra deixou de afetar só os países envolvidos, passando a atingir todo o planeta.


O Papa não o diz explicitamente, mas sabe – como se acreditava no pós-guerra... – que a atual situação mundial se deve ao enfraquecimento das democracias e ao crescimento de estados dominados por sistemas autocráticos e totalitários. Estes manipulam mais facilmente a opinião pública e empurram as outras nações para a guerra.


Hoje, como há 80 anos, lutar pela paz significa um compromisso com a defesa e o fortalecimento da democracia. Não podemos esquecer onde nos conduziram as ditaduras. Aliás, são bem visíveis hoje os efeitos no mundo da ação de estados dominados por ditadores. Por mais que estes simulem eleições...


(Texto publicado no Jornal de Notícias de 28/08/2024)


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