quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Igreja deve criticar a extrema-direita

Artigo de opinião do arcebispo da Cantuária, Justin Welby
e o seu tratamento noticioso, no "The Guardian"

Uma notícia falsa foi disseminada por grupos de extrema-direita com o intuito de promover o ódio contra os muçulmanos e os imigrantes. Três crianças, entre elas uma luso-descendente, foram mortalmente esfaqueadas em Southport, no noroeste da Inglaterra, a 29 de julho. Extremistas de direita puseram a circular nas redes sociais que o assassino seria um imigrante ilegal muçulmano, à procura de asilo no país, o que se verificou ser falso.

Essa notícia desencadeou uma onda de violência visando os locais que acolhem imigrantes ilegais e mesquitas. O arcebispo da Cantuária, Justin Welby, líder da Igreja Anglicana, denunciou estes tumultos “desencadeados por mentiras e instigados deliberadamente pela desinformação, espalhada rapidamente online por criminosos com motivações pérfidas”. Fê-lo num artigo publicado este domingo no “The Guardian”.

Justin Welby, para além de condenar a utilização da “iconografia cristã” nessas manifestações por ser “uma ofensa à nossa fé e a tudo o que Jesus foi e é”, acrescentou não ter dúvidas que os “grupos de extrema-direita não são cristãos e o uso que fazem das nossas imagens é um ultraje”. Por isso os cristãos não devem aderir a estes movimentos.

Habitualmente os líderes cristãos, nomeadamente os bispos católicos, costumam ser mais críticos com a extrema-esquerda por defenderem causas como a despenalização do aborto ou da eutanásia. E são em geral mais contidos em relação a atitudes da extrema-direita, também elas condenáveis à luz da moral cristã, como a xenofobia e outros tipos de discriminação.

É natural que a reação do arcebispo da Cantuária tenha sido contundente, dada a violência que varreu o Reino Unido. Contudo, não deviam ser necessários tão trágicos eventos para que a Igreja católica condene os extremismos de Direita que ofendem os seus valores.

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