Fernando Ventura, Graça Morais e Maria Rueff no CACGM Foto: Jornal Nordeste |
Graça Morais falou da influência da sua educação religiosa
na pintura que produz. Tem obras em que é evidente o diálogo e o confronto
entre o sagrado e o profano, outras em que transparecem elementos religiosos
como a Pietá. E ainda outras que se inspiram em certas manifestações
religiosas, como as procissões.
Maria Rueff, apesar de já ter recebido prémios pelo
desempenho de papéis dramáticos, ainda é mais conhecida como cómica.
Testemunhou as fricções que, por vezes, há entre a fé e o humor. Sobretudo
quando o humorismo sobre temas religiosos é entendido como um “rir de” e não
como “um rir com”.
Frei Fernando Ventura, com o recurso ao bom humor, ajudou
por seu lado a desconstruir a ideia de que o bom sermão é o que faz chorar.
Fê-lo no encontro com a pintora e a atriz e também no dia seguinte, na missa
dominical da paróquia de Sto. Condestável, em Bragança. Nos dois momentos
desafiou as pessoas a olhar nos olhos os seus vizinhos, depois a sorrir, de
seguida a dizer “eu gosto de ti”, para culminar em “eu amo-te”. Foi surpreendente
perceber que muitos não conseguiram, nem da boca para fora, dizer ao vizinho do
lado – “Eu amo-te”. Quanto mais vivê-lo na vida de cada dia!
O bom sermão seria, então, aquele que levasse a pessoa a experimentar
a felicidade de ser amado por Deus e desafiá-la a sair de si para fazer o outro
mais feliz. Para isso é essencial ter a capacidade de olhá-lo nos olhos, de sorrir
e de amá-lo.
A missa dominical não deveria ser sentida, portanto,
como uma obrigação. Deve ser antes a celebração de que os cristãos necessitam
para recarregar as baterias da felicidade para, durante a semana, irradiarem
alegria e amor nos ambientes que frequentam.
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