D. Pedro Casaldáliga bispo emérito de São Félix do Araguaia, Brasil Foto retirada daqui |
Pedro Casaldáliga é um daqueles homens admirado por
muitos e odiado por outros tantos. Este catalão, hoje com 88 anos, foi enviado
para o Brasil, para a floresta amazónica, fundar uma missão claretiana em 1968.
Acabou por ser nomeado por Paulo VI bispo de São Félix do Araguaia, em Mato
Grosso. Defensor de uma “democracia participativa”, submeteu a escolha do Papa
a uma assembleia local constituída por religiosos e leigos. E só após a
anuência desta aceitou a nomeação.
Na sua ordenação episcopal, a 23 de outubro de 1971, em
vez da mitra própria dos bispos usou um chapéu de palha dos agricultores. Para
báculo escolheu um bastão de madeira, típico dos indígenas tapirapé do Mato
Grosso. Preferiu um anel usado pelos escravos, feito de uma semente de tucum,
uma palmeira da Amazônia, a um de ouro ou prata. E, tal como o atual Papa, não
habitou no palácio episcopal.
Defensor dos sem terra e dos mais pobres, depressa
arranjou inimizades entre os latifundiários e junto da ditadura militar.
Recebeu inúmeras ameaças de morte, mas nada o demoveu de continuar a defender
os oprimidos e a lutar pela justiça. Fê-lo também através de inúmeros poemas
que foi publicando ao longo dos anos. Pelas causas em que se empenhou, foi logo
classificado como de esquerda e como revolucionário.
Esta semana foi apresentada em Madrid uma obra que reúne
uma seleção dos seus textos, nas suas três línguas: português, castelhano e
catalão. Nessa circunstância, disse-se que ele não era “nem de direita nem de esquerda”,
mas “um homem intrépido”, para quem “se há algo irrenegociável é o Evangelho”. Há
dias, em Lisboa, o P. António Spadaro, questionado sobre se o Papa Francisco
era revolucionário, respondeu: “Revolucionário é o Evangelho”.
Homens como Casaldáliga ou o Papa Francisco não são
revolucionários. São é fiéis aos valores do Evangelho de Jesus Cristo. E não se
vergam a nada, nem a ninguém.
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