Foto retirada daqui |
Na sua deslocação a Caserta, no sul de Itália, para participar
na festa da padroeira Santa Ana, o Papa Francisco teve um encontro com a
comunidade pentecostal daquela cidade e o pastor evangélico, Giovanni
Traettino. Uma “visita privada”, segundo o sítio oficial da Santa Sé, um “encontro
de irmãos” para o Papa, que desde Buenos Aires vêm trilhando um caminho de
“amizade” e “proximidade”.
Uma iniciativa papal surpreendente para alguns, com a
qual o próprio ironizou no final do seu discurso. “Alguns estarão espantados:
‘Mas, o Papa foi visitar os evangélicos!’ Foi encontrar irmãos! – respondeu –
Porque, na verdade, foram eles que vieram primeiro visitar-me em Buenos Aires. [...]
Agradeço-vos muito, peço que rezem por mim, preciso muito... para que ao menos
eu seja melhor. Obrigado!”
Anteriormente, tinha denunciado os católicos que
colaboraram com a ditadura fascista de Mussolini e perseguiram os evangélicos
que eram considerados uma seita e “nocivos à identidade física e psíquica da
raça” italiana. Com a conivência de muitos – e à denúncia de outros tantos –
muitos evangélicos foram detidos, vários pastores foram deportados e as suas
igrejas destruídas. Por todas essas atrocidades, cometidas na Itália dos anos
30, pediu perdão aos pentecostais.
Esta é mais uma atitude do Papa Francisco que incomodou
alguns sectores mais tradicionalistas, tanto católicos como evangélicos. Se uns
não veem com bons olhos o “mea culpa” papal, os outros não apreciaram o
acolhimento do pastor Giovanni Traettino ao Papa, nem estas palavras de
saudação dirigidas ao amigo Bergoglio: “A nossa alegria é grande pela sua
visita [...] E tem que saber de uma coisa: pela sua pessoa, também entre nós
evangélicos, há muito afeto e muitos de nós também rezamos todos os dias por si.
Além do mais, é muito fácil gostar de si. Muitos de nós acreditamos que a sua
eleição como Bispo de Roma tem sido obra do Espírito Santo”.
O Papa está convicto de que a divisão entre os cristãos não é obra do Espírito Santo, mas do Mal que espalha a semente da discórdia entre irmãos. E pensa, também, que a unidade não pode ser construída na uniformidade, mas no respeito pela diversidade e no apreço pelo diverso.
O Papa está convicto de que a divisão entre os cristãos não é obra do Espírito Santo, mas do Mal que espalha a semente da discórdia entre irmãos. E pensa, também, que a unidade não pode ser construída na uniformidade, mas no respeito pela diversidade e no apreço pelo diverso.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 01/08/2014)
Sem comentários:
Enviar um comentário