Quando a floresta está a arder devem concentrar-se todas as forças no combate aos incêndios. Depois é que se devem retirar as consequências, refletir e planear para prevenir que situações particularmente graves, como as que aconteceram este ano e em anos anteriores, não se voltem a repetir.
Todos sabem que a prevenção é mais eficaz e menos dispendiosa do que o combate às chamas. Contudo, continua-se a negligenciar a floresta e a esquecê-la sempre que ela não arde. Só quando ela é fustigada pelos incêndios e desaparece é que se acorda.
Na encíclica Laudato Si’, o Papa Francisco foi sensível ao clamor da irmã Terra “contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou” (nº2). Apelou ao envolvimento de todos e deixou-nos sugestões e desafios para nos envolvermos no cuidado da casa comum, o que incluí o património florestal.
Nesta encíclica o antigo Papa insistiu que a natureza não é apenas um recurso para explorar, mas parte de um bem comum que exige proteção e gestão sustentável. Propôs uma educação e consciência ecológicas. A Igreja, segundo Francisco, tem a missão de formar consciências: ensinar comunidades, fiéis e famílias a respeitar o meio ambiente, a usar os recursos com prudência e a prevenir comportamentos de risco.
Sozinha, contudo, a Igreja pouco pode fazer. É chamada a envolver-se num trabalho em rede com a sociedade civil e as autoridades. O seu papel primordial, como já adiantou o Papa Leão XIV, será promover o voluntariado e a solidariedade no interior das comunidades locais.
Perante a tragédia dos incêndios que assolou Portugal, a Igreja nacional é convocada à fidelidade à Laudato Si’. Deve, por isso, delinear e colaborar em iniciativas que corrijam a ausência de gestão das florestas e promovam a prevenção dos incêndios.