Timothy Radcliffe, frade dominicano, recém-nomeado cardeal Foto: Mazur/catholicchurch.org.uk |
Trata-se de um frade dominicano, frei Thomaz de Souza, o qual, no séc. XVI, foi confessor de Dona Catarina da Áustria, esposa de D. João III. Tendo acesso à corte, comprovou a imoralidade dos cortesãos que expunha nos seus sermões. Um dos fidalgos visados escreveu junto aos aposentos do frade: “Aqui mora frei Tomás, que bem diz e mal faz”. Frei Tomás terá acrescentado por baixo: “Fazei o que diz e não façais o que faz”.
Frei Tomás humildemente assume que terá as suas incoerências, as quais não retiram valor ao seu discurso. Não é essa a perspetiva do cardeal Jean-Claude Hollerich. Na abertura do Sínodo que decorre em Roma, na qualidade de relator-geral pediu aos participantes “coerência” entre a prática e o que se diz: “Caso contrário, as pessoas ouvirão as nossas palavras, mas não acreditarão nas nossas práticas, o que tornará o nosso património insignificante, corroendo-o lentamente”.
Frei Timothy Radcliffe, recentemente nomeado cardeal, também ele dominicano, na reflexão que dirigiu ao Sínodo referiu como se podem sentir intimidados os participantes menos habituados aos “títulos grandiosos e roupas estranhas”. Soube-se agora que pediu ao Papa que fosse dispensado de usar a “elaborada indumentária cardinalícia”, tendo o Papa acedido.
Timothy Radcliffe terá as suas incoerências, pois ninguém é perfeito, como reconhecia frei Tomás. Contudo, ao preferir o despojado hábito branco dominicano em vez dos requintados vermelhos cardinalícios, demonstrou que procura fazer aquilo que prega.
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