Deu-se mais um passo, em Portugal, na dinâmica sinodal que o Papa Francisco está a promover na Igreja Católica. Depois de se escutarem novamente as dioceses, os movimentos, os grupos e todos aqueles que fizeram chegar as suas reflexões à Conferência Episcopal Portuguesa, elaborou-se uma síntese que será enviada para Roma.
É um bom relatório da consulta sinodal, elaborado por um conjunto de peritos que soube acolher os mais diversos contributos. Refere mesmo, ainda que brevemente, as “questões doutrinais/pastorais que ainda causam dúvida, controvérsia ou desacordo na vida da Igreja”. São elas, por exemplo, “a moral sexual, o celibato dos padres, o envolvimento de ex-padres casados, a possibilidade de ordenação de mulheres”. Trata-se de temas que exigem maior aprofundamento.
São estas “questões fraturantes” que atraem a opinião publicada, pelo que fizeram títulos de muitas notícias divulgadas desde a semana passada quando foi divulgado o relatório. São questões que deixarão uns desiludidos, outros preocupados.
Aqueles que pretendem que a Igreja avance rapidamente na resolução desses problemas, ao verificarem o curto espaço que lhes é dedicado no relatório e a cautela com que são abordados, ficarão desapontados. Aqueles que temem que a Igreja se degrade pelas reformas que pressentem na liderança de Francisco, só pelo facto de serem mencionados determinados tópicos, encontrarão aí mais sinais preocupantes de desrespeito pela tradição.
Ora, a sinodalidade que o Papa propõe à Igreja é precisamente procurar que esta faça um caminho em conjunto. Tal implica não ficar parado, nem refém de fórmulas e práticas do passado. Contudo, caminhar também não significa correr. Tem de se dar o tempo necessário para discernir o que mais convém à Igreja. E não se devem encerrar liminarmente questões controversas.
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