quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

A fisionomia feminina da Igreja


A Igreja celebra Maria, no primeiro dia do ano, como a Mãe de Deus. Esta invocação de Maria está implícita nos Evangelhos, por exemplo quando Maria visita a sua prima Isabel e esta exclama: “Donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?” (Lc. 1, 43). Contudo, foram precisos quatro séculos para ser explicitada e definida dogmaticamente como tal pelo Concílio de Éfeso, em 431.

Desde os inícios do século VI, que a Igreja celebra a 1 de janeiro a solenidade de Santa Maria, Mãe da Igreja. A partir de 1968, Paulo VI declarou-o também o Dia Mundial da Paz.

Este ano, na homilia da celebração de 1 de janeiro, o Papa Francisco recordou a definição dogmática de Éfeso e assumiu que a Igreja precisa de “descobrir o seu próprio rosto feminino” e de “abrir espaço às mulheres e ser geradora através duma pastoral feita de cuidado e solicitude, paciência e coragem materna”.

Desde que está ao leme da barca de Pedro, este Papa tem feito muito para promover a mulher na Igreja. Com ele, elas têm vindo a desempenhar cargos que nunca tinham sido confiados às mulheres. Pela primeira vez tiveram voz num Sínodo dos Bispos – e direito a votar.

É certo que ainda há muito caminho a fazer para que seja reconhecida a dignidade da mulher na Igreja e estas possam assumir encargos que continuam reservados aos homens. O caminho faz-se caminhando. É a convicção de Francisco. Maria é a sua inspiração e guia.

Entretanto, o Papa empenha-se em que a Igreja redescubra a sua fisionomia mariana. Maria não é só a Mãe de Deus: é também a Mãe da Igreja, como a definiu Paulo VI em 1964.

Da mesma forma que se identificam nos filhos parecenças com as mães, também na Igreja se devem identificar traços marianos, tais como o acolhimento da Palavra de Deus, a disponibilidade para fazer a sua vontade ou a atenção aos que mais precisam.

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