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O maior legado que o Papa Francisco deixará à Igreja será a recuperação do seu carácter sinodal. Não é algo revolucionário, porquanto se trata de um regresso às origens e à sua origem – Jesus Cristo. Implica, contudo, uma revolução no seu funcionamento.
Tal como Jesus, o Papa pretende que a Igreja acolha, escute e acompanhe todos os que a ela pertencem ou dela se aproximem. Por isso, o Sínodo que está a decorrer desde 2021 e só se encerrará em 2024 procurou promover a escuta a nível local, regional e continental. Com contributos vindos de todo o mundo, reuniu-se o Sínodo dos Bispos em Roma, desde o dia 7 de outubro até ao passado sábado. Foi a sua primeira sessão, a qual será seguida de uma segunda em outubro de 2024
Pela primeira vez, para além dos bispos de todo o mundo, participaram outros homens e mulheres com direito a voto. Foi dada liberdade de expressão a todos os participantes e promoveu-se um ambiente de escuta recíproca.
Até aqui a preocupação dos intervenientes em sínodos, quase exclusivamente bispos, era dizer o que o Papa esperava ouvir e confirmar as suas orientações para a Igreja. Agora, até os críticos do Papa tiveram assento no Sínodo e foram convidados a falar, apelando-se apenas para que não se fixassem nas suas posições e soubessem acolher as dos outros, para todos fazerem “caminho juntos”. É isso que significa a palavra “sínodo”.
O relatório final desta primeira sessão do Sínodo expõe os pontos de convergência alcançados e as questões que exigem aprofundamento, sublinhando as propostas para implementar a dinâmica sinodal na vida da Igreja. O Sínodo dos Bispos deixou de ser um acontecimento para se converter num processo estrutural constitutivo da própria Igreja. Sendo já um facto, este processo exige ainda muita conversão pessoal e comunitária à nova forma de funcionamento.
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