quarta-feira, 8 de novembro de 2023

O Sínodo e as mulheres nos seminários


O relatório síntese da primeira sessão do Sínodo que, em outubro, decorreu em Roma, solicita que “se verifique de forma aprofundada a formação para o ministério ordenado à luz da perspetiva da Igreja sinodal missionária”. No relatório propõem-se diversas sugestões a ter em conta na formação dos candidatos a padres, para que estes possam servir melhor “uma Igreja mais próxima das pessoas, menos burocrática e mais relacional”. Esta é, em síntese, a Igreja sinodal que se quer promover.

Os padres, em chave sinodal, “são chamados a viver o seu serviço ao Povo de Deus numa atitude de proximidade às pessoas, de acolhimento e de escuta de todos e a cultivar uma profunda espiritualidade pessoal e uma vida de oração”. Essas exigências deverão levar as dioceses a “repensar os estilos e os percursos formativos” dos candidatos ao ministério sacerdotal, bem como promover o exercício da autoridade num estilo apropriado a uma Igreja sinodal”.

Os seminários, segundo o relatório, não deverão “criar um ambiente artificial, separado da vida comum dos fiéis”, mas diretamente ligados à vida concreta das pessoas e das comunidades: “O Povo de Deus deve estar amplamente representado na formação dos ministros ordenados”, lê-se. Propõe-se que se valorize “o contributo feminino e a cooperação das famílias” nesse percurso formativo: “Insiram-se as mulheres nos programas de ensino e formação dos seminários para favorecer uma melhor formação para o ministério ordenado”.

Nos dias em que a Igreja em Portugal está a viver a Semana de Oração pelos Seminários, o Sínodo abre perspetivas para a revisão profunda da formação ministrada aos futuros padres. É um apelo lúcido, este que vem de Roma. É preciso responder-lhe com coragem, e com espírito reformista, para reinventar percursos formativos para uma Igreja mais sinodal.

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