quarta-feira, 15 de novembro de 2023

O contributo da Igreja para a democracia


A situação social do país já estava na agenda da reunião dos bispos que decorre em Fátima desde segunda até amanhã. Acresce agora a crise política desencadeada pela demissão do primeiro-ministro.

No discurso de abertura da reunião, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, alertou para o clima de “revolta” e “conflitualidade” devido à crise económica que afeta o país, agora agravada com uma crise política. Para o presidente da CEP, “cresce a frustração e a revolta, especialmente entre os mais vulneráveis, como também a desilusão e a apatia desmobilizadora”.

Esta conjuntura é um “campo fértil para manipulações e messianismos populistas que minam os fundamentos de uma autêntica democracia”, alertou D. José Ornelas. É preciso que todos, particularmente os cristãos, não se deixem abater e vençam a apatia que se pode instalar. “Neste momento é quando é mesmo necessário participar, seja na atividade direta e ativa na vida política, seja no elementar direito e dever de votar”, disse o bispo de Leiria-Fátima.

Nos anos 60 e 70 a Igreja em Portugal contribuiu, sobretudo através da Ação Católica, para a formação de muitos e reconhecidos políticos nacionais. Foram tempos que precederam e prepararam o regime democrático em que vivemos há quase 50 anos. Este, no entanto, corre o risco de se degradar – e até de desaparecer – se não for devidamente cuidado. É necessário, por isso, que todos se empenhem para o defender e salvaguardar. Também a Igreja!

Oxalá os bispos reunidos em Fátima, para além de refletirem sobre a crise económica e política do país, encontrem formas de levar os católicos a envolverem-se mais nas questões sociais, económicas e políticas. Novos atores são bem-vindos para revitalizar a democracia portuguesa com os contributos da doutrina social da Igreja.

Sem comentários:

Enviar um comentário