Irmão Fiorenzo Priuli (à esquerda) Foto de Bruno Zanzottera/Parallelozero |
Os líderes
do Daesh convencem os seus seguidores a imolarem-se e a semear o terror em nome
de Deus. O Papa Francisco, na viagem à Polónia, denunciou as verdadeiras
motivações do que se pretende fazer crer que é uma “guerra de religiões”. Na
verdade, o que está a acontecer é uma “guerra de interesses”, uma “guerra pelo
dinheiro”, uma “guerra pelos recursos da natureza”, uma “guerra pelo domínio
dos povos”. E concluiu: “Todas as religiões, queremos a paz. A guerra querem-na
os outros”.
Felizmente há
pessoas autenticamente religiosas que dão o testemunho de uma sadia convivência
entre credos diferentes. O sítio “Vatican Insider” relata, esta semana, o caso
de um hospital na cidade de Tanguiéta, no Benim, em África, que “une cristãos e
muçulmanos”.
Foi fundado em
1970 pela Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, um santo português. Começou a
funcionar com apenas 82 camas. Hoje disponibiliza 415 para doentes de todos os
credos e oriundos até dos países vizinhos. Tornou-se num centro universitário e
impôs-se como um “polo de excelência da medicina africana”.
Apesar de se
tratar de uma instituição católica, os trezentos profissionais de saúde professam
convicções religiosas diversas. E, assim, “dão um importante testemunho ao
mundo, comprovam que a fraternidade e a mútua compreensão são possíveis”, como disse
ao “Vatican Insider” o Irmão Fiorenzo Priuli, cirurgião e diretor do hospital. Este irmão hospitaleiro desenvolveu um bom relacionamento pessoal com o anterior e
o atual califa de Kiota (cidade do Níger, a 700 quilómetros de Tanguiéta). “Não
se trata de uma simples amizade entre dois homens, mas de uma amizade que
envolve a população, que é a primeira testemunha e a primeira beneficiária”, realça
o califa Moussa
Aboubacar.
São exemplos
destes que ajudam a vencer, em relação aos muçulmanos, os receios e as
desconfianças que os ataques terroristas fomentam.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 12/08/2016)
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