Pe. Telmo Batista Afonso (1929-2016) Foto retirada daqui |
O Papa Francisco, no famoso discurso à
Cúria Romana nas vésperas do Natal de 2014, em que elencou as quinze doenças
curiais, disse também: “Certa vez li que os sacerdotes são como aviões: só
fazem notícia quando caem, mas há tantos que voam”.
Morreu um dos padres mais dedicados e,
ao mesmo tempo, mais discretos da diocese de Bragança – Miranda: o Pe. Telmo Baptista
Afonso, que voou bem alto durante toda a sua vida. Vivia e movia-se acima da
lamentável e condenável coscuvilhice e maledicência eclesiástica, que demasiadas
vezes se acantona e campeia nos corredores do poder, e a que, infelizmente, as
dioceses não são imunes.
Nos últimos dias de vida confidenciou-me
que nunca falou mal de um bispo. Quem com ele convivia pode testemunhar que ele
preferia sempre realçar os aspetos positivos de uma pessoa, sacerdote ou não,
do que os seus defeitos. Que habitualmente omitia.
Assumiu as mais destacadas missões na
igreja brigantina. No início da sua vida sacerdotal foi professor e prefeito no
seminário de Vinhais. Depois desempenhou as mesmas funções no seminário de
Bragança. Foi diretor do Colégio de S. João de Brito, diretor espiritual dos Cursos
de Cristandade, vigário geral e reitor do Seminário. Apesar do papel relevante
que desempenhou na vida diocesana, desde os anos oitenta remeteu-se à função de
humilde “cura de aldeia” na sua terra natal, o Zoio, e povoações serranas circunvizinhas.
A sua morte foi notícia no jornal
diocesano. Mas a sua vida gasta ao serviço das pessoas, e na atenção às
necessidades de todos, não mereceu qualquer destaque mediático. Foi um formador
do Seminário dedicado aos seminaristas, de quem sabia o nome completo muitos
anos depois de lhe terem passado pelas mãos.
Foi um capelão atento a todos soldados,
particularmente aos mais necessitados. Nunca recebeu o salário a que tinha
direito pela capelania do quartel de Bragança. Entregou-o, sempre na totalidade,
para a Obra do Soldado. Visitava os presos. E, sempre que tinha algum
paroquiano ou conhecido no hospital, imediatamente lhe prestava assistência.
Antecipando-se mesmo ao capelão, não deixando nunca de lhe pedir autorização
para o sacramentar, quando era caso disso. Comigo aconteceu por diversas vezes.
O Pe. Telmo continua
agora a voar nas alturas adequadas à grandeza da sua alma. Recebe a
retribuição, que tantas vezes rejeitou, pelo bem que fez ao longo dos seus 86
anos de vida…
Muito obrigada por estas palavras sobre o meu querido Tio Telmo.
ResponderEliminarEu é que tenho de agradecer o muito que aprendi com ele e o seu contributo para a minha vocação sacerdotal.
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