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A Igreja precisa de atualizar a linguagem da sua pregação
para ser mais eficaz. Jesus Cristo utilizou as imagens que os seus ouvintes
entendiam, da agricultura, da pastorícia ou da pesca. Hoje, num mundo dominado
pela tecnologia, as pessoas, sobretudo em meios urbanos, estão cada vez mais
distantes do mundo rural e, por isso, serão muito mais sensíveis a comparações
que utilizem os seus utensílios de todos os dias.
O Papa Francisco diz que não é muito dado às tecnologias.
Já confidenciou que a rádio é ideal porque só tem dois botões: um para ligar e
aumentar o volume e outro para sintonizar. Todavia, tem utilizado metáforas
tecnológicas. No sábado, numa vídeo-mensagem dirigida aos participantes no jubileu
dos adolescentes, no estádio Olímpico de Roma, disse de aparelho na mão que uma
vida sem Cristo é como “um telemóvel sem rede”. No dia seguinte, durante a
homilia, quando falava sobre o “desejo de liberdade” acrescentou: “A vossa
felicidade não tem preço, nem se comercializa: não é uma ‘app’ que se
descarrega do telemóvel. Nem a versão mais atualizada vos poderá ajudar a
tornar-vos livres e grandes no amor. A liberdade é outra coisa”.
Na exortação Amoris Lætitia o Papa refere, como um
desafio à família, a transitoriedade da relações humanas, dos que “crêem que o
amor, como acontece nas redes sociais, se possa conectar ou desconectar ao
gosto do consumidor e, inclusive, bloquear rapidamente” (nº 39).
Da mesma forma que no passado uma certa ruralidade envolvia todos as
pessoas, hoje a tecnologia está presente em todos os ambientes. A Igreja e os
seus pastores devem estar atentos a esta tendência e, tal como o Papa, em vez
de insistirem numa linguagem de outros tempos, devem propor outra que esteja em
linha com as vivências de hoje. Jesus Cristo não hesitaria em fazê-lo para
anunciar o Reino dos Céus – o qual, hoje, eventualmente seria a República de
Deus...
(Texto publicado no Correio da Manhã de 29/04/2016)
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