sexta-feira, 20 de maio de 2016

As mulheres na Igreja

Papa Francisco na Assembleia
das Superioras das Congregações Religiosas
Foto da REUTERS retirada daqui
O papel da mulher na Igreja Católica continua a parecer secundário, apesar de nas suas assembleias serem a maioria e desempenharem nas comunidades tarefas relevantes. Isto deve-se ao facto de lhes ser vedado o acesso à ordenação e às instância em que muitas das decisões são tomadas, entre outras razões. O próprio Papa o reconheceu perante as superioras das congregações femininas reunidas em Roma.

Desafiado nesse contexto a criar uma comissão para esclarecer se, nos primeiros tempos do cristianismo, as mulheres já terão sido ordenadas diaconisas, o Papa aceitou o repto e até valorizou como “útil” esse esforço. De facto, há documentos da antiguidade cristã que referem as diaconisas, embora não seja claro se terão, ou não, recebido o sacramento da Ordem.

Até agora, tendo como base que entre as escolhas de Jesus para apóstolos não figura nenhuma mulher, assumiu-se que a Igreja não poderia ir além das decisões do seu fundador. Foi isso que levou João Paulo II a afirmar que “a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.

Em relação a esta posição oficial do magistério, há quem não dê a questão por encerrada e contraponha que Jesus terá tomado essa opção numa concessão à cultura patriarcal em que viveu, embora o Evangelho registe vários gestos seus desafiantes e contracorrente. Por exemplo, quando permite a uma samaritana discutir com ele teologia, o que era impensável à época. Para estes, não são razões teológicas, mas sim razões culturais que impediram até hoje a Igreja de dar esse passo.

Veremos se a tal comissão irá comprovar a ordenação de diaconisas no passado. Se tal suceder, poder-se-á pensar em restaurar essa práxis e em dar mais um passo para garantir a paridade das mulheres no seio da Igreja Católica.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 20/05/2016)

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