O encontro do Papa Francisco com Hassan Rohani Foto REUTERS/Andrew Medichini/Pool, retirada daqui |
O Jubileu da Misericórdia desafia a Igreja a sair de si e
a construir pontes de entendimento com as outras religiões monoteístas. “A misericórdia possui uma valência que ultrapassa as fronteiras da Igreja.
Ela relaciona-nos com o judaísmo e o islamismo, que a consideram um dos
atributos mais marcantes de Deus”, escreveu o Papa Francisco na Bula de
convocação do ano jubilar.
Já nos vamos habituando a que tudo o que o Papa diz e
escreve é acompanhado por gestos concretos para traduzir o seu pensamento.
Ainda antes da convocação do Jubileu protagonizou diversas iniciativas de
encontro e diálogo com as outras religiões. De entre todos, talvez o mais
marcante tenha sido o abraço aos seus dois amigos – o judeu Abraham Skorka e o
muçulmano Ombar Abboud – na visita à Terra Santa.
No contexto do Ano da Misericórdia, na semana passada,
visitou a Sinagoga de Roma. É a terceira vez que um Papa visita esse templo.
Entretanto, foi convidado formalmente a visitar a maior Mesquita sunita da
Europa, situada em Roma. Embora, os últimos Papas já tenham estado em vários templos
muçulmanos será a primeira vez que o Romano Pontífice visitará a Mesquita da
sua cidade.
Pode-se também incluir no âmbito do diálogo
inter-religioso a audiência concedida ao presidente iraniano, o xiita Hassan
Rohani. Mesmo sendo um encontro entre os chefes de estado do Vaticano e do Irão
foi-o também um encontro entre dois clérigos, um cristão e católico e outro
muçulmano e xiita. Por isso, não é de estranhar que tenha sido sublinhada “a
importância do diálogo inter-religioso e a responsabilidade das comunidades
religiosas na promoção da reconciliação, da tolerância e da paz”, como refere o
comunicado da Santa Sé.
Quando o nome de Deus é invocado, indevidamente, para
fazer a guerra, é importante que os líderes religiosos se encontrem e se
comprometam na promoção da paz entre diferentes religiões.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 29/01/2016)
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