Foto Lusa retirada daqui |
A Santa Sé mantém relações diplomáticas com cento e oitenta estados soberanos, dos cerca de duzentos que existem no mundo, de acordo com a página oficial do Vaticano. Mas, mais importante do que o número, é a qualidade do serviço diplomático que a Igreja desenvolve pelo mundo. Ainda recentemente se viu o resultado desse trabalho no reatar das relações entre os Estados Unidos e Cuba.
No início desta semana o Papa Francisco, no seu discurso anual aos embaixadores, garantiu que “a Santa Sé não deixará jamais de trabalhar para que a voz da paz possa ser ouvida até aos últimos confins da terra”. Aproveitou a oportunidade para denunciar, uma vez mais, o problema dos que se vêem obrigados a abandonar a sua terra pelos mais diversos motivos, entre os quais destacou a perseguição religiosa.
Recordou que “toda a Bíblia nos conta a história duma humanidade a caminho” e que até Jesus, segundo o Evangelho, foi um refugiado no Egito. Para o Papa, na génese da crise humanitária que se vive na Europa, está o individualismo e “a arrogância dos poderosos que instrumentalizam os fracos, reduzindo-os a objetos para fins egoístas ou por cálculos estratégicos e políticos”.
Para resolver esta crise é necessário pôr em causa “hábitos e práticas consolidadas, a começar pelas problemáticas relacionadas com o comércio dos armamentos, até ao problema da conservação de matérias-primas e energia, aos investimentos, às políticas de financiamento e apoio ao desenvolvimento, até à grave chaga da corrupção”. E, para ele, é necessário também implementar “projetos de médio e longo prazo que ultrapassem a resposta de emergência”, que promovam a integração dos refugiados e, ainda mais importante, “o desenvolvimento dos países de origem com políticas solidárias” para estancar os fluxos migratórios.
Nada disto será fácil de conseguir. Mesmo com o auxílio da diplomacia da Santa Sé...
(Texto publicado no Correio da Manhã de 15/01/2016)
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