Uma senhora pergunta:
“Porque é que eu não posso comungar? O meu único erro foi
ter falhado no meu casamento católico e ter refeito a minha vida com outra
pessoa. Na nossa família esforço-me por ser boa esposa e boa mãe. Mas a Igreja
não me permite ser uma boa cristã a que seja permitida a participação nos
sacramentos da penitência e da eucaristia. Outros, no entanto, podem até não
acolher a palavra do Papa, podem atacar o bispo e os padres e quando lhes
convém, acomodarem-se à sombra da Igreja. Mas, como estão casados pela Igreja, é-lhes
permitido ir todos os dias à missa e até comungar.
E que dizer de sacerdotes ordenados mesmo sem recolher a anuência
das instâncias devidas? E os que não olham a meios para atingir os seus fins, aos
quais o Papa chamou ‘trepadores’? E os padres que vivem em função da promoção
ou da acumulação de riquezas, que procuram aparentar virtudes públicas e
esconder vícios privados, mesmo quando estes são do conhecimento público?
Estes, apesar de tudo isso, podem continuar a presidir à
eucaristia e a pregar piedosos sermões…para os outros. E podem, também, desempenhar
os mais destacados cargos na estruturas eclesiásticas”.
A esta senhora – mesmo admitindo que, se é como diz,
essas pessoas não reunirão as condições exigidas para receber a comunhão – pode
sempre recordar-se a frase do Papa Francisco: “A Eucaristia não é um prémio
para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos” (Evangelii
Gaudium, 47). Contudo, a todos é dada a possibilidade de arrepender-se, acolher
a misericórdia divina e corrigir o seu proceder.
Aqui surge um problema para o qual a Igreja ainda não
conseguiu encontrar resposta. Um divorciado recasado, mantendo-se a atual
disciplina da Igreja, não consegue emendar o erro que cometeu sem refazer o
casamento anterior, que não pode ser anulado. Contrariamente ao que se diz, só
pode ser declarado nulo caso não tenha existido.
Espera-se que durante este Ano da Misericórdia, que se
iniciou no passado dia 8 de Dezembro, o Papa Francisco encontre uma forma de
estender o manto da misericórdia divina às pessoas que falharam no seu primeiro
compromisso matrimonial, permitindo-lhes casar novamente perante a Igreja.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 11/12/2015)
(Texto publicado no Correio da Manhã de 11/12/2015)
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