sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O apelo do Papa

Foto retirada daqui
Em 2013, na “Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco dirigiu-se aos “fiéis cristãos” no âmbito da celebração dos cinquenta anos do Concílio Vaticano II, para os convocar a “uma nova etapa evangelizadora” sob o signo da “Alegria do Evangelho”. O objetivo foi indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos (nº1), tendo por isso a Exortação sido classificada como o texto programático do pontificado.

Mereceu na altura um grande destaque na comunicação social. A sociedade civil deu-lhe alguma atenção, sobretudo ao segundo capítulo, dedicado à análise da situação do mundo atual. Uns reagiram, outros aplaudiram a crítica que faz do consumismo e do capitalismo. Dessa parte da Exortação ficou célebre a frase – “Esta economia mata”(nº 53).

E coloca-se a questão: os católicos de todo o mundo deram-lhe a devida importância e procuraram acompanhar o Papa no percurso que ele propõe?

No início desta semana o Papa esteve presente em Florença no 5.º Congresso Nacional da Igreja Católica na Itália. Num discurso que dirigiu aos 2500 participantes desafiou-os a refletir, nos próximos anos, a “Evangelii Gaudium”. Durante o discurso citou sete vezes a Exortação. Por duas vezes referiu-se ao nº 49 em que, há dois anos, afirmava: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”.

Aos católicos italianos reunidos em Florença sublinhou a sua preferência por uma Igreja “inquieta, cada vez mais próxima dos abandonados, dos esquecidos e dos imperfeitos”. Pediu aos congressistas: “Sonhai vós também com esta Igreja, acreditai nela e inovai com liberdade”. Para que este sonho se torne realidade sugeriu que “em cada comunidade, em cada paróquia e instituição, em cada diocese e circunscrição, em cada região, procurai lançar, de modo sinodal, um aprofundamento da Evangelii Gaudium, para dela retirar critérios práticos e para pôr em prática as suas disposições”.

Perante este apelo do Papa, Andrea Tornielli, no sítio “Vatican Insider”, conclui: “Se o Pontífice convida a retomar aquele texto evidentemente ele pressupõe que a Igreja italiana não o tenha feito ou não o tenha feito suficientemente”.

E a Igreja portuguesa, fê-lo?

(Texto publicado no Correio da Manhã de 13/11/2015)

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