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Em 2013, na
“Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco dirigiu-se aos “fiéis cristãos” no âmbito
da celebração dos cinquenta anos do Concílio Vaticano II, para os convocar a “uma
nova etapa evangelizadora” sob o signo da “Alegria do Evangelho”. O objetivo foi
indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos (nº1), tendo por
isso a Exortação sido classificada como o texto programático do pontificado.
Mereceu na
altura um grande destaque na comunicação social. A sociedade civil deu-lhe
alguma atenção, sobretudo ao segundo capítulo, dedicado à análise da situação
do mundo atual. Uns reagiram, outros aplaudiram a crítica que faz do consumismo
e do capitalismo. Dessa parte da Exortação ficou célebre a frase – “Esta
economia mata”(nº 53).
E coloca-se
a questão: os católicos de todo o mundo deram-lhe a devida importância e procuraram
acompanhar o Papa no percurso que ele propõe?
No início
desta semana o Papa esteve presente em Florença no 5.º Congresso Nacional da Igreja
Católica na Itália. Num discurso que dirigiu aos 2500 participantes desafiou-os
a refletir, nos próximos anos, a “Evangelii Gaudium”. Durante o discurso citou
sete vezes a Exortação. Por duas vezes referiu-se ao nº 49 em que, há dois
anos, afirmava: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter
saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se
agarrar às próprias seguranças”.
Aos
católicos italianos reunidos em Florença sublinhou a sua preferência por uma
Igreja “inquieta, cada vez mais próxima dos abandonados, dos esquecidos e dos
imperfeitos”. Pediu aos congressistas: “Sonhai vós também com esta Igreja,
acreditai nela e inovai com liberdade”. Para que este sonho se torne realidade
sugeriu que “em cada comunidade, em cada paróquia e instituição, em cada
diocese e circunscrição, em cada região, procurai lançar, de modo sinodal, um
aprofundamento da Evangelii Gaudium, para dela retirar critérios práticos e
para pôr em prática as suas disposições”.
Perante este
apelo do Papa, Andrea Tornielli, no sítio “Vatican Insider”, conclui: “Se o
Pontífice convida a retomar aquele texto evidentemente ele pressupõe que a
Igreja italiana não o tenha feito ou não o tenha feito suficientemente”.
E a Igreja portuguesa,
fê-lo?
(Texto publicado no Correio da Manhã de 13/11/2015)
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