Foto AFP retirada daqui |
A Europa tremeu com os ataques terroristas em Paris. A
primeira reação, e a mais expectável, é a da vingança. Mas a violência só pode
dar origem a novos atos ainda mais violentos do que os que lhe estiveram na
origem.
A primeira tentativa da humanidade para travar a espiral
de ódio e violência foi a Lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”. Há
quase quatro mil anos, o Código de Hamurábi tentava desta forma evitar que a
vingança não ultrapassasse o delito cometido. Já Jesus Cristo propôs o perdão
para quebrar a escalada da violência.
Não é de estranhar, por isso, que o Vaticano não acompanhe
a onda “securista” que varre a Europa, nem embarque no apoio a uma intervenção
militar para resolver o problema do terrorismo. O últimos Papas, aliás,
opuseram-se sempre ao recurso à guerra para resolver as questões intrincadas do
Médio Oriente. O atual Papa, ainda que admita que é preciso travar o agressor, duvida
que bombardear posições do autoproclamado Estado Islâmico seja a melhor solução
para o problema.
Na sequência dos atentados em Paris, Francisco recordou,
no Angelus do último domingo, que “usar Deus para justificar o ódio é uma
blasfémia”. E, num telegrama enviado ao arcebispo de Paris, condenou “com vigor
a violência, que nada resolve”.
O Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro
Parolin, numa entrevista ao jornal francês “La Croix”, defendeu uma “mobilização
geral da França, da Europa e de todo o mundo” na luta contra o terrorismo, a
qual envolva também os muçulmanos, que “devem fazer parte da solução”. E
afirmou que só uma intervenção que tenha em conta a segurança, a política e a
religião pode ter sucesso “na erradicação deste mal”.
Apesar de apostar
no diálogo e na educação para a rejeição do ódio, o cardeal admitiu um ataque
militar, embora circunscrito aos limites do Direito Internacional e da legítima
defesa.
Em resumo: esmagar os terroristas, só por si, não
garante que estes Estados Islâmicos não ressurgem noutros pontos, como aliás
tem acontecido... É preciso investir, a sério, na melhoria da vida das pessoas,
tanto nos países orientais, como nas cidades ocidentais onde estes fenómenos se
têm instalado. E é necessário combater sempre o ódio e tentar construir a paz,
suceda o que suceder.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 20/11/2015)
Oportuna mensagem, perante esta escalada de violência que o poder das armas não consegue travar, nem a montante, nem a jusante!
ResponderEliminar