Genocídio do povo arménio entre 1915 e 1917 Foto retirada daqui |
O Papa não
receia expressar as suas ideias mesmo quando elas não são “politicamente
corretas” ou vão ao arrepio das tendências da cultura contemporânea.
Papa interroga-se sobre "teoria de género" Foto retirada daqui |
No final da
semana passada agitou o mundo diplomático ao condenar o “genocídio” do povo
arménio pelo império turco otomano. Nunca um Papa tinha verbalizado dessa forma
a matança dos arménios no início do século passado, apesar de João Paulo II ter
assinado com o Patriarca Arménio, em 2001, um documento conjunto em que o
condenava e referia explicitamente.
As palavras de
Francisco irritaram o presidente da Turquia que as comentou em termos pouco
simpáticos. “Quando os políticos e os religiosos assumem o trabalho de
historiadores, não dizem verdades, mas estupidezes”, disse Erdogan. Curiosamente,
foi o mesmo Erdogan que, no final do ano passado, num encontro de líderes
muçulmanos na Turquia, defendeu que a América foi descoberta por marinheiros
islâmicos, baseando-se numa alegada referência de Cristóvão Colombo à
existência de uma mesquita em Cuba. Na verdade, é Bartolomeu de las Casas que
narra o que o navegador vê ao chegar a terras cubanas, descrevendo o cume de uma
montanha como “uma elegante mesquita”, como recordou Diego Contreras no blog “LaIglesia en la prensa”.
O Papa atreveu-se
também, na última audiência, a questionar se a “teoria de género” não será “um
passo atrás”? E fê-lo em clara contradição com os que vêm nela uma solução para
a redutora distinção entre masculino e feminino, bem como para a submissão da
mulher ao homem. Estes defendem que as diferenças não provêm das característica
biológicas, mas das construções culturais. E, por isso, não faz sentido
falar-se de homem e de mulher, de masculino ou feminino.
Para Bergoglio,
porém, a solução das desigualdades entre homem e mulher não passa pela negação
das diferenças, mas pela defesa da sua complementaridade, da sua mesma
dignidade, até porque ambos são “imagem e semelhança de Deus”. E propôs a promoção
da mulher e o reconhecimento da sua importância na sociedade e na Igreja.
Nestas como
noutras questões, é de louvar que Francisco não se submeta à lógica do
“politicamente correto”. Precisamos dele como uma consciência crítica de um
mundo que se submete com facilidade às modas intelectuais e culturais.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 17/04/2015)
(Texto publicado no Correio da Manhã de 17/04/2015)
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