Pietro Grasso, Presidente do Senado italiano e o card. Pietro Parolin Foto retirada daqui |
O Secretário de Estado do Vaticano e o Presidente do Senado Italiano uniram
as suas vozes na crítica ao sistema económico vigente, que promove a exploração
dos mais fracos e a promiscuidade ente a finança e o poder, durante a
apresentação de um volume da revista italiana “Limes”, dedicada ao tema “Moeda
e império” , na passada terça-feira em Roma.
O cardeal Parolin denunciou que “os grandes capitais tendem a financiar os
poderes estabelecidos e as atividades mais rentáveis”, enquanto o povo se vê
arredado do acesso ao crédito.
O senador Pietro Grasso recordou o discurso do Papa ao Parlamento Europeu e
a sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, na qual critica a “economia
capitalista global dominada pelos poderes financeiros” que subordina ao lucro
valores como o da dignidade humana, da democracia e da solidariedade. Em
sintonia com o Papa defendeu uma recuperação da “economia real” que produza “bens
e valores tangíveis”. Também devem ser subtraídas à lógica do lucro as “empresas
de caráter estratégico, que satisfaçam necessidades sociais primárias” e
deve-se “reafirmar o seu papel público”. Finalmente, para este magistrado
italiano, é preciso reorientar “o fim último da produção”, que deve partir “da pessoa
humana, das suas necessidades e das suas expectativas”.
Para corrigir os desvarios do atual sistema económico é decisivo, segundo o
líder do Senado, o empenhamento na luta contra a corrupção e o que apelida de “capitalismo
criminoso” que acolhe “sem escrúpulos” capitais “sem olhar às suas origens”. Que
“não distingue o dinheiro que vem do trabalho, do engenho, da produção ou do
empenho, do dinheiro de origem oculta, que resulta do crime, da exploração dos
pobres ou o dinheiro de sangue”. Segundo o senador, o sistema económico deve
ser reorientado para “o fim único de combater a pobreza e a miséria em
coerência com o valor da solidariedade humana e cristã, da misericórdia,
destinando os lucros a ajudar os últimos, os fracos, os marginalizados”.
Pietro Grasso apelou a “um verdadeiro sobressalto ético da sociedade civil
e da política que imponha aos Estados novas linguagens e novos modelos de
relacionamento fundeados, não nos interesses, mas nos princípios e valores”.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 03/04/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário