Encontro inter-religioso no SriLanka (Foto: AP Photo/Ettore Ferrari) |
A guerra, o terrorismo e a violência continuam
a manchar a história da humanidade com o sangue derramado de inúmeras vítimas
inocentes. Em muitos dos conflitos, aos interesses económicos, políticos,
étnicos são associadas de forma ilegítima motivações pretensamente religiosas,
como reconheceram os participantes do encontro inter-religioso que decorreu no
Vaticano em Outubro de 1999. E denunciaram com clareza que “não existe
finalidade religiosa que possa justificar a prática da violência do homem sobre
o homem”.
O Papa Francisco disse, na visita ao Sri
Lanka, que “não se deve permitir que as crenças religiosas sejam utilizadas
para justificar a violência e a guerra”. Falava num encontro que reuniu
budistas, hinduístas, muçulmanos e cristãos. Num país que até 2009 sofreu vinte
e seis anos de uma guerra civil com crenças religiosas à mistura. A etnia
tâmil, maioritariamente hindu pretendia a independência do norte do país, cuja
população é maioritariamente budista.
O Papa disse ainda que “o verdadeiro culto a
Deus não leva à discriminação, ao ódio ou à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a
liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos”. Estas palavras foram proferidas durante a canonização do Pe. José Vaz,
missionário português no Sri Lanka durante 24 anos, onde morreu em Janeiro de
1711. Gastou-se ao serviço dos mais necessitados, sem fazer distinção de etnia
ou credo, durante o período conturbado em que os holandeses calvinistas e os
portugueses católicos se guerreavam pela posse daquele território.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 16/01/2015)
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