Arcebispo Josef Wesolowski Foto retirada daqui |
O Papa Francisco recebeu esta semana os bispos por ele
nomeados durante o último ano. E, tal como noutras circunstâncias, usou esse
encontro para sublinhar algumas das características que quer ver nos Pastores
da Igreja: acima de tudo não quer que estes sejam “apagados ou pessimistas”,
mas que cultivem e ofereçam ao mundo a “alegria do Evangelho”.
Quando são colocados numa diocese não devem aspirar a uma outra.
Têm de resistir à tentação de mudar de povo, bem como de “mudar o povo”. E
devem ter uma particular atenção aos mais jovens e aos mais idosos.
O Papa solicitou também aos bispos uma grande
disponibilidade para receber, acolher, escutar e guiar os sacerdotes que lhes
são confiados. E a manterem-se “acessíveis” a todos, “sem discriminação”. Na Evangelii
Gaudium já tida recomendado aos bispos que deviam “ouvir a todos, e não apenas
alguns sempre prontos a lisonjeá-lo” (nº31). Agora pediu-lhes para resistirem à
“tentação” de sacrificar a própria liberdade rodeando-se de “cortes ou coros de
consenso”.
Os bispos são chamados, segundo o Papa, a oferecer nos
mais diversos contextos “a doçura de uma paternidade que gera”, acompanhada da
“firmeza da autoridade que faz crescer”. No exercício do ministério petrino, Jorge
Mario Bergoglio tem preconizado para os bispos a bondade e o acolhimento. Mas
não abdica da determinação e da firmeza em relação a eles quando as
circunstâncias o exigem.
Disto é um bom exemplo a forma como conduziu o escândalo
do ex-núncio apostólico na República Dominicana, o arcebispo Josef Wesolowski.
Logo que foram tornados públicos os comportamentos reprováveis do representante
diplomático da Santa Sé junto do Governo daquele país, removeu-o imediatamente
do seu cargo – embora lhe tenha garantido a liberdade de movimentos, em Roma,
enquanto decorria o processo.
Porém, quando se comprovaram as acusações, a Congregação
da Doutrina da Fé fê-lo regressar ao estado laical. Enquanto decorre o processo
judicial, o tribunal civil do Vaticano decretou a sua prisão domiciliária,
dando seguimento “à vontade expressa do Papa, para que um caso tão sério e
delicado fosse tratado sem demora, com o justo e necessário rigor”, revelou o
porta-voz da Santa Sé.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 26/09/2014)
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