Foto retirada daqui |
Os assassinatos bárbaros de três jovens israelitas e a
execução pelo fogo de um palestiniano fizeram despoletar, novamente, a guerra
na Faixa de Gaza. Puseram fim a um período de alguma acalmia nas difíceis relações
israelo-palestinianas. Mataram as sementes de reconciliação e paz que o Papa espalhou
durante a sua visita àquela região e que germinaram no encontro entre o líder palestiniano, Mahmud Abbas, e o presidente israelita, Shimon Peres,
com a bênção do Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu.
Nessas circunstâncias o Papa disse que “é preciso mais coragem para fazer a paz do que a guerra”. A evolução
dos acontecimentos demonstraram que não houve nem coragem, nem discernimento
para calar as armas – e dá a ideia de que os esforços do Papa de nada valeram.
Porém, para o seu amigo judeu, Abraham Skorka, “o que
está a acontecer não atesta o fracasso da iniciativa do Papa Francisco”. Pelo
contrário, “confirma dramaticamente que é necessário continuar a promover ainda
mais gestos de encontro para que a coragem prevaleça sobre o ódio irracional”.
Num simpósio sobre a Paz, que terminou ontem em Madrid, Rodríguez
Zapatero propôs a criação de uma “autoridade religiosa global” que se opusesse
a toda e qualquer violência e promovesse o pluralismo religioso, a paz e a
liberdade. Para o antigo Presidente do Governo de Espanha, nenhuma religião
pode pretender que as suas crenças sejam as únicas verdadeiras e que todas as
outras formas de acreditar tenham de ser combatidas e eliminadas.
Foi esta perspetiva que esteve na génese de todas as
guerras santas da história e que os fanatismos de todas as religiões, ainda
hoje, querem ressuscitar. Contudo, num mundo plural e tolerante “não há
hereges” para Zapatero: “Há pessoas que pensam de maneira diferente ou têm
diferentes ideias e em nome de nenhuma fé se pode apoiar o ódio e o fanatismo”.
O Vaticano II resgatou a Igreja da intransigência e colocou-a na estrada da abertura ao diferente, embora ainda haja franjas no seu interior que resistem à renovação conciliar. Meio século depois, o Papa Francisco continua a desafiar os católicos a saírem dos seus muros e a percorrerem esse caminho de tolerância e diálogo inter-religioso.
O Vaticano II resgatou a Igreja da intransigência e colocou-a na estrada da abertura ao diferente, embora ainda haja franjas no seu interior que resistem à renovação conciliar. Meio século depois, o Papa Francisco continua a desafiar os católicos a saírem dos seus muros e a percorrerem esse caminho de tolerância e diálogo inter-religioso.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 18/07/2014)
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