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O Vaticano divulgou o “Instrumentum Laboris”, que acolhe as respostas de diversos
organismos eclesiais ao inquérito sobre a problemática da família e propõe
linhas de reflexão aos participantes no Sínodo dos Bispos Extraordinário.
Para além de propor uma análise bastante aprofundada da “situação
familiar contemporânea, dos seus desafios e das reflexões que suscita”,
transparece no documento um esforço da Igreja em olhar de frente para o que
define como “situações matrimoniais difíceis”. Estas são os casos das uniões de
facto, dos divorciados e recasados, ou das uniões de pessoas do mesmo sexo. As
pessoas nessas situações vivem “histórias de grande sofrimento, assim como
testemunhos de amor sincero”. São pessoas que sofrem quando lhes é negado o
acesso aos sacramentos ou o batismo dos filhos. São situações que exigem da
Igreja uma resposta, resposta essa que permita que estas “pessoas curem as
feridas, sarem e retomem o caminho juntamente com toda a comunidade eclesial”.
O “Instrumentum
Laboris” propõe alguns caminhos e resolve algumas questões, mas deixa
outras em aberto para a reflexão dos bispos. Por exemplo: diz claramente que os
sacramentos não podem ser negados às pessoas que vivem separadas. Também não
pode ser negado o batismo ao filho de uma mãe solteira ou de uma pessoa que
vive numa união com outra do mesmo sexo. Neste último caso, diz explicitamente:
“deve ser acolhido com as mesmas atenção, ternura e solicitude que recebem os
outros filhos”.
Em relação aos divorciados a viverem uma nova união,
dá-se conta do pedido vindo sobretudo da Europa e da América para que possam “receber
os sacramentos”. Ou, então, que à semelhança do que acontece em determinadas
Igrejas ortodoxas, se abra “o caminho para um segundo ou terceiro matrimónio,
com carácter penitencial”. Também se refere que alguns pedem que se esclareça
se “a questão é de índole doutrinal ou apenas disciplinar”.
Terá de se aguardar pela realização do Sínodo dos Bispos,
em Outubro, para, eventualmente, se ficar com uma resposta clara para a
situação dos divorciados recasados. A Igreja precisa de ter para essa e para
outras questões uma forma de atuação adequada que possa ser compreendida por
todos.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 04/07/2014)
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