Logo da Peregrinação do Papa à Terra Santa retirado da página do Vaticano |
A questão do celibato quase relegou para segundo plano a
importância da viagem do Papa Francisco à Terra Santa na comemoração dos
cinquenta anos do encontro em Jerusalém entre o Paulo VI e o Patriarca
Atenágoras.
Em relação a essa temática o Papa limitou-se a repetir
que não se trata de uma questão teológica, mas meramente disciplinar. E
recordou algo que muitos continuam a desconhecer: que a Igreja Católica já tem
padres casados, no Rito Oriental. Por isso não constituirá um grande problema
estender essa disciplina ao catolicismo ocidental, de Rito Latino. Contudo, não
parece estar para breve essa alteração, pois Francisco continua a valorizar o
testemunho do celibato e não o considera uma questão decisiva para a vida da
Igreja. “Temos coisas mais importantes a abordar”, disse o Papa aos jornalistas
no voo de regresso a Roma. E recentrou o debate em algo que o preocupa muito
mais: a unidade da Igreja.
A paz entre os povos do Médio Oriente, o diálogo
inter-religioso e a reconciliação entre as igrejas cristãs foram as grandes
questões abordadas pelo Papa, não só por palavras, mas, sobretudo, por gestos
muito significativos. Nestes destacam-se os momentos de oração silenciosa junto
do muro que separa a Palestina de Israel, no Muro das Lamentações e na visita
ao memorial dedicado às vítimas do holocausto de Yad Vashem, onde beijou as
mãos de alguns sobreviventes da perseguição nazi.
Em apenas três dias o Papa “desativou as minas do ódio
multisecular da divisão e do receio, para semear sobre elas as rosas do
diálogo, da reconciliação, da unidade, da paz e da esperança. Para fora e para
dentro da Igreja”. Esta é a avaliação que José Manuel Vidal, diretor do sítio
religioso “Religión Digital”, faz da viagem papal.
Nesta deslocação à Terra Santa o Papa Francisco
demonstrou a sua habilidade na abordagem de questões sensíveis, como a
conturbada convivência entre os povos do Médio Oriente ou o diálogo com a
Igreja Ortodoxa – e recuperou para o papado e para o Vaticano um papel
destacado na cena diplomática mundial. “Francisco tem essa capacidade de tocar
a tecla apropriada em todos os momentos, que torna fácil o difícil”, conclui José
Manuel Vidal.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 30/05/2014)
Sem comentários:
Enviar um comentário