domingo, 15 de junho de 2014

O diamante Taizé

Oração na Igreja da Reconciliação em Taizé
Foto retirada do site de Taizé
“O que tem de especial Taizé?” Foi essa a questão que um jovem colocou ao frei Alois, o prior da Comunidade. Ao que ele respondeu com simplicidade: “Eu acho que nada. Somos uma comunidade de frades com limitações e fraquezas”.

Mas este é, de facto, um local especial. Onde é possível um pastor protestante desempregado abeirar-se de um sacerdote católico paramentado e pedir-lhe que o abençoe para que Deus o ajude a encontrar emprego. Onde se vive e respira o acolhimento e a reconciliação. Onde o ritmo diário é marcado pelos sinos que convocam milhares de pessoas à oração na Igreja da Reconciliação, de manhã, ao meio da jornada e ao fim do dia.

A pequena aldeia de Taizé foi escolhida, em 1940, por Roger Schutz para ali se fixar. Comprou uma quinta com uma casa em ruínas e aí sonhou fundar uma fraternidade que se dedicasse a sarar as feridas de uma humanidade em conflito mundial. Dada a sua situação – a sul dos limites da França ocupada pelos nazis – começou por acolher refugiados de guerra, que ajudava a passar para o seu país de origem, a neutral Suíça. Entretanto foi desenhando uma comunidade que reunisse os seguidores do mesmo Jesus Cristo, que a história tinha dispersado em diferentes igrejas.

Estão agora a completar-se os setenta e cinco anos dessa caminhada. A Comunidade de Taizé é formada por uma centena de irmãos católicos e protestantes, de quase trinta países diferentes. Taizé é cada vez mais uma «parábola de comunidade», como se pode ler na sua página da Internet, “um sinal concreto de reconciliação entre cristãos divididos e entre povos separados”.

A sua vida de oração e comunhão atraem pessoas de todo mundo e milhares de jovens. Para o frei Alois, vão a Taizé “à procura de esperança, para olhar o futuro com alegria e não com medo”. A todos desafia a não se deixarem vencer pelo medo ou pela resignação, mas a trilharem o caminho de uma “nova solidariedade”, que “não se opõe a uma ‘antiga solidariedade’ que esteja hoje ultrapassada; ela deve corresponder mais a uma renovação, a uma ‘dinâmica do provisório’, que leva o crente a avançar, para lá de novos obstáculos”.

Para os monges de Taizé a solidariedade é, hoje, o caminho da reconciliação e da comunhão.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 13/06/2014)

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