Oração na Igreja da Reconciliação em Taizé Foto retirada do site de Taizé |
“O que tem
de especial Taizé?” Foi essa a questão que um jovem colocou ao frei Alois, o prior
da Comunidade. Ao que ele respondeu com simplicidade: “Eu acho que nada. Somos
uma comunidade de frades com limitações e fraquezas”.
Mas este é, de
facto, um local especial. Onde é possível um pastor protestante desempregado abeirar-se
de um sacerdote católico paramentado e pedir-lhe que o abençoe para que Deus o
ajude a encontrar emprego. Onde se vive e respira o acolhimento e a
reconciliação. Onde o ritmo diário é marcado pelos sinos que convocam milhares
de pessoas à oração na Igreja da Reconciliação, de manhã, ao meio da jornada e
ao fim do dia.
A pequena
aldeia de Taizé foi escolhida, em 1940, por Roger Schutz para ali se fixar. Comprou
uma quinta com uma casa em ruínas e aí sonhou fundar uma fraternidade que se
dedicasse a sarar as feridas de uma humanidade em conflito mundial. Dada a sua
situação – a sul dos limites da França ocupada pelos nazis – começou por
acolher refugiados de guerra, que ajudava a passar para o seu país de origem, a
neutral Suíça. Entretanto foi desenhando uma comunidade que reunisse os seguidores
do mesmo Jesus Cristo, que a história tinha dispersado em diferentes igrejas.
Estão agora a
completar-se os setenta e cinco anos dessa caminhada. A Comunidade de Taizé é
formada por uma centena de irmãos católicos e protestantes, de quase trinta
países diferentes. Taizé é cada vez mais uma «parábola de comunidade», como se
pode ler na sua página da Internet, “um sinal concreto de reconciliação entre
cristãos divididos e entre povos separados”.
A sua vida
de oração e comunhão atraem pessoas de todo mundo e milhares de jovens. Para o
frei Alois, vão a Taizé “à procura de esperança, para olhar o futuro com
alegria e não com medo”. A todos desafia a não se deixarem vencer pelo medo ou
pela resignação, mas a trilharem o caminho de uma “nova solidariedade”, que “não
se opõe a uma ‘antiga solidariedade’ que esteja hoje ultrapassada; ela deve corresponder
mais a uma renovação, a uma ‘dinâmica do provisório’, que leva o crente a
avançar, para lá de novos obstáculos”.
Para os monges de Taizé a solidariedade é, hoje, o caminho da reconciliação
e da comunhão.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 13/06/2014)
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