domingo, 8 de junho de 2014

A doença do interior

Passos Coelho na Expo Trás-os-Montes, Bragança
Foto do Portal do Governo
O interior do país apresenta, há décadas, sintomas de uma doença grave, dos quais os mais preocupantes são o despovoamento e o envelhecimento da população. Parece que são problemas que afetam todo o mundo ocidental, mas sentem-se com maior incidência e relevância nas zonas mais periféricas dos países, como é o caso de Trás-os-Montes.

Uma vez que o diagnóstico está mais do que feito, é urgente encontrar terapêuticas para tratar esses males. Tal como acontece com os problemas mais graves, como a crise que atravessamos, os políticos, a maior parte das vezes, não têm a menor ideia de como os resolver. Compete à sociedade civil não se abandonar nas suas mãos e assumir a responsabilidade de rasgar novos horizontes.

O NERBA (Núcleo Empresarial de Bragança), na comemoração dos seus 25 anos de existência, promoveu, na semana passada, um Fórum Empresarial com o objetivo de "identificar algumas orientações estratégicas e ideias de projetos mobilizadores, ao nível regional e no âmbito da cooperação transfronteiriça, focadas numa trajetória de crescimento económico e de criação de emprego, em sintonia com a estratégia da União Europeia para o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo".

Foram mais uma vez elencados os problemas acima referidos, e sublinhada a sua "tendência a agravarem-se". As políticas nacionais não têm ajudado a inverter esta tendência na região, antes pelo contrário, têm-na acentuado com "a redução da presença de serviços públicos, a eliminação das ligações aéreas, a incompreensível exclusão do distrito de Bragança dos investimentos previsto para os próximos sete anos" a candidatar aos fundos da União Europeia.

Passos Coelho esteve presente e confirmou outra medida que vai dificultar, ainda mais, o desenvolvimento desta região: a introdução de portagens na autoestrada. Não seria uma medida muito gravosa se os políticos tivessem o engenho de a fazer acompanhar por outras que minimizassem o seu impacto.

Tal, porém, não irá acontecer. E também não deverão ser aproveitadas algumas das ideias surgidas nesse Fórum, como a da criação de uma agência para o desenvolvimento do interior que corrigisse as escandalosas assimetrias entre o litoral e estes territórios.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 06/06/2014)

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