Passos Coelho na Expo Trás-os-Montes, Bragança Foto do Portal do Governo |
O interior do país apresenta, há décadas, sintomas de uma
doença grave, dos quais os mais preocupantes são o despovoamento e o
envelhecimento da população. Parece que são problemas que afetam todo o mundo
ocidental, mas sentem-se com maior incidência e relevância nas zonas mais periféricas
dos países, como é o caso de Trás-os-Montes.
Uma vez que o diagnóstico está mais do que feito, é urgente
encontrar terapêuticas para tratar esses males. Tal como acontece com os
problemas mais graves, como a crise que atravessamos, os políticos, a maior
parte das vezes, não têm a menor ideia de como os resolver. Compete à sociedade
civil não se abandonar nas suas mãos e assumir a responsabilidade de rasgar
novos horizontes.
O NERBA (Núcleo Empresarial de Bragança), na comemoração
dos seus 25 anos de existência, promoveu, na semana passada, um Fórum
Empresarial com o objetivo de "identificar algumas orientações estratégicas
e ideias de projetos mobilizadores, ao nível regional e no âmbito da cooperação
transfronteiriça, focadas numa trajetória de crescimento económico e de criação
de emprego, em sintonia com a estratégia da União Europeia para o crescimento
inteligente, sustentável e inclusivo".
Foram mais uma vez elencados os problemas acima
referidos, e sublinhada a sua "tendência a agravarem-se". As políticas
nacionais não têm ajudado a inverter esta tendência na região, antes pelo contrário,
têm-na acentuado com "a redução da presença de serviços públicos, a
eliminação das ligações aéreas, a incompreensível exclusão do distrito de
Bragança dos investimentos previsto para os próximos sete anos" a
candidatar aos fundos da União Europeia.
Passos Coelho esteve presente e confirmou outra medida
que vai dificultar, ainda mais, o desenvolvimento desta região: a introdução de
portagens na autoestrada. Não seria uma medida muito gravosa se os políticos
tivessem o engenho de a fazer acompanhar por outras que minimizassem o seu
impacto.
Tal, porém, não irá acontecer. E também não deverão ser
aproveitadas algumas das ideias surgidas nesse Fórum, como a da criação de uma
agência para o desenvolvimento do interior que corrigisse as escandalosas
assimetrias entre o litoral e estes territórios.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 06/06/2014)
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