Quando os políticos vão a banhos, normalmente entra-se na “silly season”. A “estação parva” ou “estação tonta”, numa
tradução livre do inglês. Esta expressão foi utilizada pela primeira vez em 1861,
num artigo da Saturday Review, para se referir a este período, em que não
havendo notícias do mundo da política, se enchem as páginas dos jornais, dando
destaque a notícias sensacionalistas, que noutra época do ano seriam
consideradas irrelevantes.
Nos finais de Julho, depois de toda a agitação política em
torno das demissões, irrevogáveis ou não, das negociações falhadas para uma
solução de “salvação nacional e da “recondução” do atual governo com a
aceitação presidencial da remodelação, anunciava-se um tempo de acalmia
política durante o mês de Agosto.
Eis senão quando, somos surpreendidos pelo retomar das
conferências de imprensa do Governo. Uma ideia peregrina, que veio a revelar-se
fatal para o Secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, que se deixou
enredar no meio da polémica dos “swaps”.
Mas este mês ainda nos reservava outras surpresas. Graças a
uma lei eleitoral mal elaborada, assistiu-se a decisões contraditórias dos
tribunais. Uns a permitirem que candidatos que já tinham cumprido três mandatos
à frente de uma câmara municipal se pudessem candidatar a outro município.
Outros a impedi-lo.
Tudo isto porque a lei foi mal elaborada e permite as duas
interpretações e porque o PSD e PS não se entenderam nas negociações para a
clarificação da lei, há alguns meses. Para o PSD o que se pretendia com a atual
lei eleitoral era evitar que os autarcas se perpetuassem no poder, à frente de
uma câmara, mas não veem problema em que se candidatem a outra. O PS não aceita
candidatos que já tenham cumprido três mandatos. Como nenhum cedeu – o primeiro,
porventura, para permitir a candidatura de Meneses ao Porto e o segundo para a dificultar
– permitiram este triste espetáculo jurídico-político.
Esta e outras trapalhadas legislativas estão a
descredibilizar os deputados, que, aos olhos do cidadão comum, ou são
incompetentes no seu trabalho, ou então, o que será mais grave, só produzem as
leis que convêm ao partido e às suas clientelas.
(Texto publicado no Correio da Manhã)
(Texto publicado no Correio da Manhã)
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